O segundo domingo de 2023 entrou para a história do Brasil como um dos piores dias, foi quando milhares de terroristas, que não aceitam a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro, nas urnas, destruíram os prédios dos três poderes. O fato, sem precedentes, colocou à prova a democracia brasileira, que resistiu, milhares de pessoas foram presas e a ordem restabelecida.
Do campo da esquerda, diante da grave ameaça ao estado democrático de direito, diversos atos em defesa da democracia, acompanhando a agenda nacional, movimentos sociais e partidos políticos realizaram um ato na orla da cidade de Santarém, em frente a Praça da Liberdade.
A fim de mostrar a força do povo e da democracia brasileira, na noite do último domingo (15), o Fórum pela Democracia, composto pelos partidos: PT, PSOL, PCdoB, Rede e movimentos sociais do município de Santarém, realizou um evento cultural com artistas independentes da região. O evento aberto e gratuito envolveu as pessoas que foram diretamente para o show, e a população que passava pela orla no momento.
Carimbó na voz da cantora Maria Lídia. Foto: Tapajós de Fato
A professora e dirigente do PSOL-Santarém, Heloise Rocha, fala ao Tapajós de Fato que o evento é necessário, e que essa necessidade se dá “a partir de vários ataques que nós tivemos, mas acredito que o que aconteceu no último domingo foi o estopim, foi o ataque aos três poderes”, comentou.
Heloise Rocha foi uma das organizadoras do evento. Foto: Tapajós de Fato.
Heloise Rocha diz ainda que não se trata necessariamente de defender o governo, mas sim “a defesa dos poderes, da governabilidade, na verdade, contra o golpismo e contra qualquer ato que seja contra democracia, mas sim para garantir que possam vir outros governos eleitos de forma democrática e possam governar”.
Passado os quatro anos de um governo de ódio e ataques à democracia, Heloise diz que agora se tem um governo do povo “pela cultura, pelo amor, pela paz e pela defesa da democracia”, finalizou.
O artista independente, Rawi, também conversou com a equipe do Tapajós de Fato, em sua fala ele ressalta o protagonismo dos fazedores e fazedoras de cultura na região. Além do mais, ele ressalta que “a Amazônia sempre foi colocada como o interior do Brasil, esse lugar de exploração, a gente está sempre subjugado a esses olhares que constroem essa narrativa geral do Brasil. Nesses últimos anos isso se aprofundou de uma forma generalizada e houve muitos desmontes na cultura”.
Rawi acredita que a arte é essencial na defesa da democracia. “A arte é quase que o primeiro ponto onde o facismo tenta destruir, onde o bolsonarismo tentou destruir. Destrói a arte, destrói a criatividade, o lúdico. Então estar de volta em um palco grande, no meio da orla é muito significativo e precisa acontecer cada vez mais”, complementou.
Rawi, artista independente da Amazônia. Foto: tapajós de Fato
Uma grande voz feminina na região é Carol Arara, que integra o grupo de carimbó formado apenas por mulheres indígenas, Suraras do Tapajós. Após sua apresentação no palco que festeja a democracia em Santarém, ela comenta, na perspectiva de ser uma mulher indígena que produz cultura na Amazônia. “É um momento de retomada, porque esses quatro anos duraram uma eternidade para nós, povos indígenas. A nossa vida ficou ferida, faltava sempre algo, seja dentro da cultura, na nossa tradição, nós ficamos recuados e essa retomada nós enxergamos dias melhores onde poderemos escrever nossa história sem medo e de fato como ela realmente ela é”.
Carol Arara cantando no palco da festa da democracia. Foto: Tapajós de Fato
Além do Ministério da Cultura, a criação do Ministério dos Povos Originários é mais uma maneira de fortalecer as culturas e as tradições indígenas do Brasil. Carol Arara diz que essa volta é um momento de muita conquista. “A luta ainda não acabou! Mas já chegamos lá e entramos pela porta da frente”, disse a cantora.
Carol Arara cantando junto com o mestre Chico Malta. Foto: Tapajós de Fato
O presidente do Partidos dos Trabalhadores de Santarém, o médico Everaldo Martins, fala que houve uma união dos partidos para conseguir eleger o presidente Lula, que é uma disputa de sociedade. Segundo o médico, agora existe uma possibilidade de revitalizar a sociedade com o resgate de valores esquecidos. “Mas de certeza absoluta se tem o desafio do mandato dele que está posto pela sociedade brasileira para ver o que realmente vai corresponder, não apenas só ser muito melhor, mas fazer de uma forma que a sociedade identifique mudanças”, explica.
Presidente do Partido dos Trabalhadores de Santarém, Everaldo Martins. Foto: Tapajós de Fato.
“Hoje nós estamos aqui com arte, pela democracia, porque domingo passado o que se viu foi uma tragédia. O presidente e o Ministro da Justiça contaram o problema lá em Brasília e agora a precisa encontrar seus responsáveis, e arte e o espetáculo responde a isso”, finalizou Everaldo.