Formação em comunicação popular e redes sociais é realizada com a juventude do assentamento agroextrativista do PAE Lago Grande

A oficina sobre mídias sociais é uma continuação da campanha “Não abra mão da sua Terra”, e tem como objetivo capacitar os jovens dos territórios para criarem uma rede de comunicação interligada entres as regiões.

03/02/2023 às 13h39
Por: Adrielly Pantoja Fonte: Tapajós de Fato
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Foto: Tapajós de Fato
Foto: Tapajós de Fato

Nos dias 30 de janeiro a 01 de fevereiro foi realizada a formação em comunicação popular e rede sociais com jovens do assentamento agroextrativista PAE Lago Grande, das três regiões Arapixuna, Arapiuns e Lago Grande, no Centro de Formação Agrícola Francisco Roque.

 

Organizada pelo Sindicato dos Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (STTR), em parceria com a Federação das Associações de Moradores e Comunidades do Assentamento Agroextrativista da Gleba do Lago Grande (Feagle), o coletivo Guardiões do Bem-Viver e facilitada pelo Tapajós de Fato, a atividade é um segmento da campanha “Não abra mão da sua Terra”, um projeto pela governança do território do Pae Lago Grande, livre de mineração e das grandes ameaças que o cercam, diante disso foram realizados várias etapas até esta oficina. 

 

Em entrevista ao Tapajós de Fato, Ricardo Aires, secretário da juventude do STTR e membro da diretoria da Feagle, que também atua no coletivo de jovens Guardiões do Bem Viver, explicou como a campanha vem sendo desenvolvida.

Foto: Tapajós de Fato

 

“A primeira etapa foi preparar as lideranças locais e no mesmo sentido preparar a juventude que ia desenvolver a campanha ‘Não Abra Mão da Sua Terra’, de porta em porta em todas as comunidades do PAE Lago Grande, que são cento e cinquenta e cinco comunidades. Com a realização da campanha vieram também as audiências públicas pela garantia de direitos e pela presença do estado dentro do território a fim de que a saúde, a educação, as questões de infraestrutura possam chegar ao território, que são uma demanda de todos os moradores que ali residem”.

 

A formação em mídias sociais é uma continuação da campanha, 35 jovens foram escolhidos para participar da formação, o intuito do STTR é capacitar os jovens dentro da educação e comunicação popular, porque os territórios possuem suas particularidades então é importante que essa rede de comunicação venha das próprias pessoas da região, que tenham propriedade para falar sobre os assuntos referentes ao território.

Foto: Tapajós de Fato

 

Pensando nisso, a juventude foi escolhida para ser essa ponte de comunicação, porque possuem mais vivência com a tecnologia, mesmo que dentro dos territórios o acesso a ela seja difícil ou limitado. 

 

"Essas juventudes vêm a fim de somar, a ideia é que ao se capacitarem em comunicação popular, quer é falar do seu jeito, da sua forma para o seu próprio povo, as juventudes possam ajudar também nas suas comunidades. Exemplo nós temos aí as associações, nós temos a delegacias sindicais, nós temos as outras organizações que atuam dentro da comunidade e que às vezes é preciso reportar uma notícia, uma entrevista, é preciso divulgar alguma coisa cultural e às vezes as comunidades ficam muito engessadas porque não sabem utilizar ou não têm conhecimento dessas ferramentas de comunicação popular que ajudem a reportar as informações do território, então o jovem vem nesse sentido de ser esse elo entre as entidades, que é o sindicato e a Feagle e também as comunidades locais”, acrescenta Ricardo.

 

Durante os três dias de oficina os jovens puderam se aprofundar no segmento das redes sociais de sua preferência, como é o caso de Roseli Aires, da Vila Amazonas, da região do Arapixuna.

 

Foto: Tapajós de Fato

 

“A oficina pra mim foi muito importante para adquirir mais conhecimento, já conhecia um pouco, mas agora ficou mais nítido para saber mais como mexer nas ferramentas digitais. Sobre a oficina de foto e vídeo que eu fiquei foi bastante proveitoso, a gente aprendeu a editar vídeo, não sabia quase nada, agora já sei mais um pouco e foi tudo de bom na oficina".

 

Ronald Soares, morador da comunidade de Retiro, região do Alto Lago Grande, comentou sobre a importância desta formação com a juventude. 

 

“Eu aprendi muitas coisas boas, participando da oficina do podcast e como eu posso usar ao meu favor dentro do território, contra as ameaças que a gente sofre. É muito importante ver a participação dos jovens, porque somos um elemento fundamental na defesa dos modos de vida, na defesa das tradições. Então é muito importante ver que o jovem está interessado. Futuramente eu também pretendo ingressar na produção de texto, escrever um roteiro para que fique claro que dentro do Pae Lago Grande, dentro dos assentamentos existe quem defende os seus modos de vida, quem defende o seu direito de ir e vir”.

 

Para o Tapajós de Fato enquanto parceiro e facilitador deste projeto, é uma oportunidade de conhecer mais de perto a realidade destes jovens e de suas comunidades e ajudá-los em suas lutas e resistências, sendo também uma ferramenta de auxílio para eles. Marta Silva, repórter do TdF e responsável pela aula prática da oficina de foto e vídeo, falou sobre essa experiência.



“É muito legal e gratificante o contato com os jovens, durante a formação. Ver o entusiasmo deles e o empenho. Como ministrante da oficina, acredito que me saí bem, afinal, a realidade desse processo de troca de conhecimento não é novidade para mim. No entanto, admito que tenho pouco conhecimento ainda em relação a realidade desses jovens, no tocante a situação de seus territórios. Isso é outro ponto bem legal das oficinas, ela nos possibilita ouvir esses jovens e ter conhecimento do que eles pensam sobre as problemáticas que os afetam. Enquanto nós levamos conhecimento técnico de como trabalhar a comunicação, eles nos mostram o seu território através de seus lugares de fala. Adentrar o território, via o olhar da juventude, é uma experiência empolgante e esperançosa. A juventude tem muito a construir e a contribuir no processo de defesa dos territórios e essas oficinas tentam os instrumentalizar, isso é forte e potente”.

 

Foto: Tapajós de Fato

 

A formação terá um segundo módulo a ser realizado ainda neste mês, onde os alunos apresentarão as atividades que lhes foram destinadas e ao final da formação é que seja criada uma rede de comunicação interna nas três regiões (Arapiuns, Arapixuna e Lago Grande), uma comunicação interligada entre elas.

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