Mulheres, produtoras rurais, geram emprego e renda em Mojuí dos Campos e são fundamentais para a economia local

A agricultura familiar é muito importante e a base para as mulheres terem sua independência financeira e segurança alimentar com sua própria produção, e é importante para nossa economia local que gera empregos e renda dentro do município. (Sileuza STTR - Mojuí).

07/03/2023 às 11h50 Atualizada em 18/03/2023 às 11h28
Por: Marta Silva Fonte: Tapajós de Fato
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Mulheres da Associação de Mulheres Flores do Campos / Foto Arquivo pessoal
Mulheres da Associação de Mulheres Flores do Campos / Foto Arquivo pessoal

As mulheres, produtoras rurais agroecológicas, da área rural de Mojuí dos Campos, são fonte de renda e têm papel importantíssimo na consolidação da economia da região.

 

Produzindo hortaliças e outros produtos, de forma agroecológica, elas são entendidas e posicionadas como parte da estratégia do desenvolvimento político e econômico: da família, da comunidade e do centro de sua organização.

 

O trabalho feminino (em atribuições e tempo) está concentrado em subsistemas dedicados à reprodução e auto sustentação da família (a casa, a horta, o pomar, os pequenos animais – porcos, galinhas…). Nestes subsistemas estão concentrados a biodiversidade e a soberania alimentar, que são pilares da autonomia da família. 

 

Associação de mulheres produtoras rurais/ Foto arquivo pessoal

 

Logo, é essa realidade que as produtoras familiares vêm potencializando com a sua força de trabalho, de forma a produzir bem mais que subsistência, o investimento agora (e já há algum tempo, uma vez que mais da metade das famílias tem como suporte financiador da família a mulher) é vinculado a produção de renda monetária e a busca por valorização do seu trabalho produtivo.

 

Mulheres produtoras rurais agroecológicas/ Foto arquivo pessoal 

 

Assim, organizadas pela Associação de Mulheres Agricultoras Familiares Flores do Campo, 45 mulheres das comunidades de Mojuí dos Pereira, Terra Preta dos Lúcios, Portelinha, Boa Fé, Castanhal dos Cavaqueiros, São Francisco do Moju e Rainha da Floresta (PA MOJU), vêm trabalhando com hortaliças, frutas, criação de galinhas e plantas ornamentais e medicinais, e com o seu trabalho, elas vêm consolidando a economia das comunidades e a renda de suas famílias.  

 

“A agricultura familiar é muito importante e a base para as mulheres terem sua independência financeira e segurança alimentar com sua própria produção, e é importante para nossa economia local que gera empregos e renda dentro do município” afirma Sileuza Barreto, presidente do STTR de Mojuí dos Campos.

 

Agroecologia e o empoderamento das mulheres 

 

Mulheres associadas em ação comunitária/ Foto arquivo pessoal

 

Para as mulheres que se envolvem e se dedicam à construção da Agroecologia, o empoderamento e a autonomia são questões centrais. Pois a valorização do trabalho garante o auto-sustento e a continuidade na terra. 

 

Outra faceta importante é o reconhecimento enquanto trabalhadora. Durante muito tempo no curso da história, o trabalho feminino de produção e reprodução na terra enquanto trabalhadoras rurais foi invisibilizado e explorado. Tido como ajuda e não reconhecido enquanto trabalho e produção de renda.

 

A Agroecologia é um projeto em defesa da vida, e as mulheres, em sua essência, em sua natureza são capazes de entender e assimilar isso. Nesse sentido, é importante refletir sobre o posicionamento e o papel que as mulheres devem cumprir no processo de fortalecimento da produção que respeita a natureza e preza pela qualidade dos produtos e pela saúde das populações, indo na contramão do processo de superprodução das grandes monoculturas, que utilizam de agrotóxicos em enormes quantidades.

 

Mulher produtora rural e associada da Flores do Campo/ Foto arquivo pessoal

 

Nesse sentido, Sileuza pontua o crescimento das produções agroecológicas na região do município de Mojuí e afirma: “as mulheres são as maiores protagonistas da produção agroecológica". 

 

Ainda segundo ela, que é a primeira mulher a frente do STTR em Mojuí e uma das associadas da Associação de Mulheres Flores do Campo, “a produção agroecológica é um meio de resistência para que as mulheres fortaleçam a sua produção, para que elas permaneçam em suas propriedades”, e isso garante o seu protagonismo.

 

Outro ponto colocado pela presidente do STTR de Mojuí, é o fato de que “as mulheres são as mais afetadas pelo meio de  produção convencional, que se utilizam do agrotóxico, que acabam prejudicando a vida e a saúde delas” e, consequentemente, de suas famílias. 

 

No entanto, mesmo com toda a importância da efetiva atuação dessas mulheres e das suas produções, os entraves e desafios são muitos para se produzir agroecologicamente. Sileuza pontua o aumento dos insetos que assolam a produção dessas mulheres, em decorrência do uso de agrotóxicos nas monoculturas que se instalaram próximas a propriedades rurais; a falta de infraestrutura das estradas, o que dificulta o escoamento de suas produções e as dificuldades climáticas que vêm afetando o planejamento das produções, tudo em decorrência das mudanças climáticas.

 

Contudo, mesmo apesar das dificuldades, as mulheres seguem na luta e cada vez mais estão se destacando na consolidação de sua produção. O que é importante para o empoderamento feminino e para potencializar o trabalho rural na região. E essas mulheres merecem destaque e reconhecimento, uma vez que, a produção agroecológica prima pela segurança alimentar de toda a nossa sociedade local. Investir nessas mulheres, é investir em saúde e em qualidade de vida da nossa população, com comida de qualidade na mesa do povo mojuiense.

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