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“Igarapé não é esgoto!”, relatório realizado por projeto de extensão da Ufopa alerta sobre a importância do reconhecimento da microbacia do Juá

O estudo tem como objetivos chamar a atenção da população e das autoridades competentes sobre a existência do Igarapé do Juá que tem sido considerado esgoto por praticamente todas as esferas políticas e sociais além de debater propostas de prevenção de desastres e planejamento urbano para a área.

16/03/2023 às 13h06 Atualizada em 11/04/2023 às 18h34
Por: Adrielly Pantoja Fonte: Tapajós de Fato
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Tapajós de Fato
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Na última sexta-feira (10) pela manhã, ocorreu no auditório do NTB da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) uma reunião para apresentar o Relatório Técnico 001/22 GEAGAA, Igarapé não é esgoto! A importância do Reconhecimento da microbacia do Juá para a cidade de Santarém. O estudo realizado pelo professor João Paulo S. de Cortes e pela professora Diani da Silva Less em parceria com a Prefeitura de Santarém e o Ministério Público fala sobre prevenção de desastres e planejamento urbano.

 

O encontro contou com a participação de representantes da Semma, Promotoria de Justiça, Defesa Civil, Procce e alunos do projeto de extensão, e teve por objetivos centrais apresentar o histórico de trabalho que iniciou em 2019 e os resultados preliminares que embasam as propostas, além de discutir novas alternativas de reconhecimento do igarapé e sua bacia.

Foto: Tapajós de Fato 

 

A intenção do relatório foi apresentar situações que nós temos observado nas proximidades do igarapé, que nós estamos chamando agora de Igarapé do Bela Vista, e atentar especialmente os tomadores de decisão que foram notificados via um ofício circular, mais especificamente as secretarias que trabalham com a parte de meio ambiente aqui no no município de Santarém”, explica o professor João Paulo.

O relatório também é para falar sobre a existência do igarapé que tem sido invisibilizado, sendo considerado  esgoto por praticamente todas as esferas políticas e sociais. A ideia central é que o cenário atual onde o igarapé é tratado como esgoto seja alterado e a população veja aquele espaço como recurso natural.

“A partir do momento que existe a ideia do Igarapé consolidado, ele vai ter a sua bacia hidrográfica, então no estudo a gente apresenta qual que é essa bacia, ela foi desenhada e calculada pela nossa equipe, entregamos isso pronto pros tomadores de decisão, para que eles saibam qual que é a área natural de contribuição daquele igarapé, tendo essa bacia hidrográfica a gente tem uma área de planejamento urbano e territorial”, comenta João Paulo.

O projeto de extensão também realizou ações sociais nos anos de 2020 e 2021, como a confecção e entrega de cartilhas sobre  A Importância da Defesa Civil nas ações de prevenção a riscos e desastres. 

Foto:Tapajós de Fato 

O estudo mostrou que a região corre vários tipos de riscos iminentes, como o voçoroca - um fenômeno geológico causado pelas chuvas formando grandes buracos de erosão, em solos desprotegidos - já presente na região, essa problemática afetaria diretamente grande parte das família ali, já que existe apenas uma rua de acesso ao local, o que isolaria, de acordo com o relatório, aproximadamente 44 casas, além de deslizamentos de terras e desabamento de residências, alagamentos, desestabilização da drenagem entre outros problemas. 

 

Esta questão deve ser trabalhada com seriedade pelos órgãos públicos e pela população santarena, por envolver diversas áreas que estruturam uma sociedade, desde de acesso a políticas públicas, qualidade de vida até especulação imobiliária.  

 

Este relatório foi encaminhado para as autoridades e órgãos responsáveis. Com o final da apresentação o debate foi centralizado em “como podemos em conjunto trabalhar para o reconhecimento do igarapé e da bacia do Juá?", pela sociedade e pelo poder público municipal e estadual e desta forma construir de forma coletiva, mecanismos de prevenção de desastres.

Foto: Tapajós de Fato 

 

“Tem coisas que inclusive na reunião já foram ditas que estão sendo feitas, por exemplo, o cadastramento das famílias que estão em situação iminente de risco, colocadas como prioritários dentro de política de habitação municipal”, informa João Paulo. 

 

O professor acrescenta que ainda é necessário a desobstrução do canal do igarapé que possui pontos de obstrução por lixo e por resíduos sólidos, então a limpeza, um planejamento de recuperação das áreas de preservação permanente ao longo do igarapé, entender melhor quem é que está vivendo ali é muito importante.  “A gente acredita muito no poder dessa primeira ação como uma ação estruturante que a partir dela vai se tornar possível outros movimentos de recuperação daquela área e de melhoria da qualidade de vida e um desenvolvimento da eficácia dos instrumentos de planejamento dentro da cidade de Santarém”, conclui João Paulo. Além disso, uma campanha será lançada pelo projeto para a escolha do nome do igarapé do Juá. 


Mais informações sobre a pesquisa no site da Ufopa: http://www.ufopa.edu.br/ufopa/comunica/noticias/pesquisa-alerta-para-riscos-ambientais-na-area-da-rodovia-fernando-guilhom-e-denuncia-racismo-ambiental/

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