No dia em que se celebra o Dia Mundial da Água, algumas organizações e movimentos do município promoveram um ato cultural. "Águas do Tapajós o que será amanhã?" foi o tema escolhido para esse ano.
A concentração foi na Praça do Pescador, onde houve uma fala do Padre Edilberto dando abertura no evento e na caminhada. O ato tinha como um dos objetivos chamar a atenção da população santarena sobre a importância de proteger o rio Tapajós.
Foto: Tapajós de Fato
Foi um momento de celebração, mas também de conscientização sobre a atual situação dos rios, um alerta para a população das consequências das ações ilegais que vêm destruindo-os.
“Esse momento de mobilização que a gente se reúne para celebrarmos o Dia da Água, é um dia muito importante, [a água] é um bem muito precioso para nós que moramos aqui. Então, teve toda uma uma mobilização das organizações que trabalham aqui na região do Tapajós e que têm esse olhar em defesa não só do Tapajós, mas também da floresta e da vida dos seres humanos. Então hoje na verdade foi um dia de alusão a água, não é um momento de brigarmos, mas é um momento da gente trazer a nossa atenção pra isso, para esse bem, é um dia de celebrarmos, mas também é um dia da gente repensar as nossas ações, do que a gente tá fazendo com o nosso grande rio Tapajós”, comenta Walter Kumaruara, que estava representando o Projeto Saúde e Alegria (PSA) e coordena também o Coletivo Jovens Tapajônicos do departamento de jovens indígenas do Baixo Tapajós.
Foto: Tapajós de Fato
Vale ressaltar que a luta é também pelas famílias que vivem às margens do rio Tapajós, que vivem às margens do rio Arapiuns e dependem do mesmo como meio de sobrevivência. A água é um bem comum e precisa desse cuidado e atenção coletiva.
“O movimento surge a partir da necessidade da gente preservar nosso bem maior que é a água, compreendemos que não é só nas casas das pessoas que a água está acabando, que o desperdício não é só porque a dona de casa deixar uma torneira pingando, mas porque tem muito mais coisas e o grande capital ele tá diretamente ligado, a devastação, a contaminação da água na Amazônia que é onde a gente vive. Então mercúrio, hidrelétricas, e desmatamento tudo isso vai afetar diretamente a poluição, a qualidade da nossa água”, explica Heloise Rocha, uma das organizadoras do evento, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Pará (SINTEPP), que compõe o Tapajós Vivo, um fórum em defesa do Rio Tapajós.
O ato, além de cultural era também um ato político, mesmo o país estando sob nova gestão é importante estar atento aos grandes projetos que serão desenvolvidos, apesar de ter uma linha mais progressista não podemos esquecer que foi no governo Lula que foi instalada a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingú.
“A gente quer marcar esse dia não como um ato de celebração, mas de denúncia de tantas ameaças que têm acontecido no Tapajós, não só o rio, mas também os igarapés aqui da nossa cidade, existe uma violência muito muito grande em relação às águas. É importante que a gente enquanto movimento social una forças para fazer algo em defesa desses mananciais”, destaca Carlos Alves, militante do Movimento Tapajós Vivo.
Foto: Tapajós de Fato
A caminhada seguiu pela avenida Tapajós até a praça Tiradentes onde houve falas do Padre Vanildo e Nora Costa, declamação de uma poesia de Jonhson Portela, uma apresentação musical de Everaldo Martins, além da apresentação do Circo Mocorongo do PSA.
Preservar não é uma escolha é um dever comum, a manutenção de toda a vida passa pelas águas, precisamos ter consciência do quanto ela é essencial e de como é urgente defendê-la.