Na última sexta-feira (14), o Clube da Luta Feminina realizou o evento beneficente “Elas por Elas”, de arrecadação de absorventes descartáveis. Pensando na atual desigualdade social de acesso a coisas básicas, como um simples absorvente, o projeto vem com o intuito de atender adolescentes de escolas públicas.
A programação aconteceu no 7 Cores Bar e reuniu diversas apresentações femininas do município, como o Ária Experimental, uma banda composta só por mulheres, além de Lady Violeta que possui como maior parte mulheres em sua formação, DJ Pedrita que é pioneira nas aparelhagens em Santarém, Dj Charlie Escarlate que é a primeira Dj trans da cidade, e Norah Costa que realizou uma linda intervenção artística no início do evento.
Apresentação da Banda Ária Experimental / Foto: Tapajós de Fato
O Clube conta com o apoio do Tapajós de Fato, que juntos têm trabalhado em projetos e atividades que destacam a importância da inclusão das mulheres na sociedade em geral, além de ecoar a voz das mulheres que muitas vezes são marginalizadas ou invisibilizadas na mídia tradicional. Allana Luisa, coordenadora de logística do TdF, pontuou a importância desta parceria entre as organizações.
“A parceria entre o Tapajós de Fato e o Clube da Luta Feminina é uma colaboração muito importante na luta por igualdade de gênero e empoderamento feminino na região do Tapajós, no Pará”, ela comenta.
Apresentação da Banda Lady Violeta / Foto: Tapajós de Fato
Segundo Isabelle Maciel, jornalista e coordenadora do Clube da Luta Feminina, a ideia de realizar o evento e convidar as apresentações era, além da arrecadação, reunir mulheres para somar forças em prol do movimento.
“Foi uma festa que reuniu várias atrações, intervenções e a entrada desse evento era dois pacotes de absorventes e a ideia de recolher os pacotes é instalar um projeto nos banheiros de escolas públicas, disponibilizando absorventes pras meninas, além de levar o momento de conversa também sobre saúde da mulher e toda essa questão do corpo. Existem dados que apontam que uma a cada quatro mulheres não têm acesso a absorventes no período menstrual e para as adolescentes esse acesso também é difícil, principalmente naquela fase, onde a menina está se descobrindo, descobrindo o corpo”, explica Isabelle.
O Clube da Luta Feminina é uma organização que busca promover o empoderamento feminino e a igualdade de gênero por meio do empreendedorismo feminino, além de realizar outras atividades que contribuam para a independência das mulheres.
Nanda Dezincourt e Lais Natalie, componentes da Ária Experimental / Foto: Tapajós de Fato
“Falar da importância de um evento como esse que o Clube da Luta promoveu hoje, principalmente para as mulheres, para as meninas que estão em situação de risco e vulnerabilidade, porque nem todo mundo tem acesso a coisas básicas de saúde como um absorvente, então achei muito importante a proposta que foi feito aqui hoje, nossa participação, inclusive o convite e, eu espero que mais eventos como esse possam acontecer aqui na nossa região pra gente poder fazer essa mostra, uma obra como essa”, pontua Geiza Rocha, vocalista da Banda Lady Violeta, sobre a realização do evento.
Zenilda Kumaruara, secretária de mulheres do Partido dos Trabalhadores, também ponderou sobre a importância desta ação, principalmente por causa do atual cenário de vulnerabilidade em que muitas mulheres se encontram.
“Muito importante essa ação, porque nem todas as mulheres têm possibilidade de ter acesso às políticas públicas, muitas mulheres não têm renda, não são respeitadas, muitas meninas não têm condições de comprar um absorvente, essa campanha é super importante para garantir que elas tenham acesso a esse tipo de política e, esse evento, vem marcar o começo de um projeto de inclusão social para as mulheres”.
A primeira escola que receberá a arrecadação será a Escola Municipal de Ensino Fundamental Deputado Ubaldo Corrêa, os absorventes serão disponibilizados nos banheiros da escola e, no ato da entrega haverá um momento de conversa com as adolescentes.
“Ter o Ubaldo Corrêa como uma primeira escola para instalar o projeto é bem simbólico. Porque o Ubaldo fica localizado numa área extremamente periférica da cidade, onde abrange diversos bairros, são muitas meninas que são atendidas pelo colégio. Então, saber que a gente pode causar um impacto numa área que realmente precisa, é muito bom pra gente, a gente fica muito feliz com o sucesso que foi o evento, o quanto as pessoas abraçaram a causa, se preocuparam”, destaca Isabelle Maciel.
Ao todo foram arrecadados 191 pacotes, cerca de 1600 unidades, além de 11 protetores menstruais, o valor em dinheiro que foi arrecadado na portaria do evento de quem não levou os absorventes, será destinado para comprar mais absorventes e as outras coisas que serão necessárias para instalar o projeto na escola.