Em Brasília, povo Tupinambá do Baixo Tapajós reuniu com a presidente da Funai para discutir a demarcação do território

Como encaminhamento da reunião com Joenia Wapichana, ficou estabelecido a vinda de um técnico até o território para colher dados que vão qualificar o processo de reivindicação feito pelo povo Tupinambá desde 2019.

04/05/2023 às 12h55 Atualizada em 10/05/2023 às 15h52
Por: João Serra Fonte: Tapajós de Fato
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Tapajós de Fato
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Na luta para conseguir a demarcação do território do povo Tupinambá  do Baixo Tapajós, o Conselho Indígena do Povo Tupinambá do Baixo Tapajós (CITUP), reuniu, em Brasília, com a presidente da Fundação Nacional do Povos Indígenas (FUNAI), Joenia Wapichana. A reunião ocorreu durante o último dia de programação do 19º Acampamento Terra Livre (ATL).

 

O território do povo Tupinambá está localizado na margem esquerda do rio Tapajós, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. São 25 aldeias e mais de 6 mil indígenas. A equipe do Tapajós de Fato estava em Brasília e acompanhou a reunião. Raquel Tupinambá, presidente do CITUP, falou ao Tapajós de Fato que, “a demarcação do território Tupinambá do Baixo Tapajós foi a principal demanda levada pela delegação que participou do ATL”. 

 

A reunião  foi articulada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), parceiro do CITUP. Durante a reunião, os indígenas puderam conversar diretamente com a presidente da FUNAI, Joenia Wapichana. A reunião foi proveitosa, segundo Raquel Tupinambá, visto que ficou determinado que, até o final do ano, “um servidor da Fundação vai ser enviado ao território para qualificar o pedido de demarcação do território, para que, posteriormente, seja constituído um grupo que vai fazer  um estudo para dar embasamento no processo demarcatório do nosso território”, comentou.

 

Durante a reunião, Joenia Wapichana  falou sobre as destruições que o garimpo tem causado nas terras indígenas no estado do Pará, Wapichana disse que já falou com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “A gente não sabe o que é rio e o que é buraco de garimpo”. Aproveitou ainda  para explicar que o que dificulta as ações é o orçamento “precário”, feito pela gestão passado, “600, milhões para atuar no Brasil inteiro”, comenta.

Mesa formada para a reunião / Foto: Tapajós Fato
Mesa formada para a reunião / Foto: Tapajós Fato.

 

O antropólogo e servidor da Funai, Luciano Alves Pequeno, participou da reunião, ele explicou que o processo do Território Tupinambá está em fase de reivindicação, “a primeira etapa, quando chega o pedido para uma regularização fundiária  de uma Terra Indígena”, explicou. Mas o antropólogo disse também que Funai está com cerca de 480 pedidos de demarcação de terras indígenas. E que para dar conta de avaliar todos os pedidos, inclusive os mais antigos, está sendo feito um cronograma para avaliar os mais urgentes, “mas há alguns critérios… alguns em situação de vulnerabilidade maior”.

 

Em relação ao pedido de demarcação do território Tupinambá do Baixo Tapajós, Luciano Pequeno explicou o que pode ser feito “é dar celeridade no processo de reivindicação e qualificar o pedido, enviando um técnico até o território para qualificar o pedido… e reunir mais dados e embasamentos para fortalecer esse processo, para dar o passo seguinte que é fazer o GT. Esse GT possui profissionais de várias áreas que devem fazer mais estudos sobre o território”.

 

Como encaminhamento da reunião ficou definido a vinda de um técnico até o território Tupinambá do Baixo Tapajós para colher informações que devem auxiliar no processo de demarcação do território. 

 

O povo Tupinambá, assim como todas as populações do Tapajós, sejam elas indígenas, tradicionais ou de territórios urbanos sofrem  os impactos do garimpo, do agronegócio, projetos de infraestrutura e o desmatamento. A demarcação das terras representa alívio para quem vive sob tais tormentas. Raquel comenta que o sentimento é de “felicidade”,  e que “um sonho, uma luta que nós, povos indígenas fazemos pela segunda vez aqui em Brasília e estamos felizes pela conquista do dia”, finalizou.



Apesar da luta e da resistência dos povos indígenas da região do Baixo Tapajós, que possui 14 etnias diferentes e dezenas de aldeias, nenhum território é demarcado. A luta pela demarcação das terras é uma luta de todos os indígenas da região que sonham em ver seus territórios demarcados, preservados e livres da invasão de exploradores que destroem e adoecem as pessoas e a natureza.

 

Delegação com do povo Tupinambá com a Presidente da Funai, em Brasília / Foto: Tapajós de Fato.

Delegação com do povo Tupinambá com a Presidente da Funai, em Brasília / Foto: Tapajós de Fato.

 

 

Proteger os povos indígenas foi uma promessa de campanha da atual gestão federal, Lula será cobrado  até o último dia de seu mandato para que demarque o maior número possível de Terras Indígenas, sendo esta, uma maneira de contribuir com a floresta em pé, qualidade da saúde de toda a nação brasileira e o enfrentamento real as mudanças climáticas. 

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