Trabalhadoras rurais das regionais Baixo Amazonas e BR 163 participam de formação em preparação para a 7ª edição da Marcha das Margaridas

O grupo de estudo, que nessa edição é voltado para a articulação da 7ª edição da Marcha das Margaridas que acontece esse ano, discutiu o eixo Poder e Participação das Mulheres na Política.

12/07/2023 às 11h02 Atualizada em 12/07/2023 às 13h15
Por: Marta Silva Fonte: Tapajós de Fato
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A formação aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, em Santarém, nos dias 10 e 11 de julho, durante uma das edições do Grupo de Estudo Sindical - GES. Participam da formação os municípios que compõem as regionais Baixo Amazonas e BR 163 da Fetagri.

 

O grupo de estudo, que nessa edição é voltado para a articulação da 7ª edição da Marcha das Margaridas que acontece esse ano, discutiu o eixo Poder e Participação das Mulheres na Política. 

 

Sobre a formação, Ângela Costa que é Secretária de Formação e Organização Sindical da Fetagri- Pará, explica que nessa edição a Marcha das Margaridas discute 13 eixos temáticos e que, desses eixos, cada regional decide qual quer trabalhar durante o grupo de estudos. 

 

Ela explica que, “a FETAGRI é uma instituição estadual, que abrange todo o estado do Pará, só que por ser muito grande ela é dividida em 10 polos, chamados de regionais. Aqui têm duas regionais: regional do Baixo Amazonas, composta por treze municípios e a regional da BR 163 que é composta por seis municípios. Essas duas regionais escolheram discutir, Poder e Participação das Mulheres na Política.[...] Importante”, afirma Ângela.

 

Ângela de Jesus, Presidente da Fetagri/PA; Claudionor, Coordenador da Fetagri Regional e Angela Costa, Secretária de Formação da Fetagri/PA/ Foto Tapajós de Fato

 

Nesse sentido, dentro do eixo temático que é amplo, as mulheres discutiram temas como: corpo território, abordando a questão do poder sobre o seu corpo que também é território e espaço político; poder político doméstico, retratando a violência doméstica que infringe esse direito e menospreza o poder político feminino no espaço doméstico; e o poder político no ambiente sindical e na política partidária, discutindo o silenciamento e a inferiorização da capacidade política feminina.

 

Angela de Jesus, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Pará, a FETAGRI, abordou a importância da juventude feminista na participação política e o poder do voto feminino, como mão motora da mudança, de acesso a direitos e de transformação da politica. 

 

Ela enfatizou a necessidade de se desconstruir narrativas como “mulher não vota em mulher”; “não se mete em política sem dinheiro”; “mulher pública é prostituta”, narrativas que têm que ser combatidas pois segregam e desestimulam a participação e o poder feminino. Angela defendeu, ferrenhamente, que a mulher “precisa se preparar [estudar] para ser política”, não importando em que espaço social ela esteja inserida.

 

Grupos de estudos/ Foto: Tapajós de Fato

 

“Então a participação política das mulheres tem várias vertentes, pode ser na política partidária, na política sindical, na política cooperativista, na política religiosa, enfim. Então, aqui a gente tem várias mulheres e tem debate que é a construção da Marcha das Margaridas, pra gente não chegar em Brasília, dezesseis de agosto agora, só pra uma caminhada, não. Nós estamos fazendo toda uma preparação no estado do Pará e no Brasil. Porque a nossa confederação que é a CONTAG também está com estudos, grupos de estudos culturais em todo o país”, enfatiza a presidente da Fetagri - Pará. 

 

Sobre a programação dos dois dias da formação ela explicou que, “nós iniciamos fazendo análise de conjuntura com a presença do deputado Airton Faleiro, que é daqui da região [...] já tivemos por aqui a passagem do representante do INCRA, que é o Zé Maria pra socializar com as mulheres também os programas, né, a dinâmica agora do INCRA aqui no oeste do Pará, então era necessário fazer também essa socialização e agora elas estão em trabalho de grupo a partir do eixo temático que foi escolhido pelas mulheres dessa região, né? Não somos nós que ditamos três, são elas que disseram, nós queremos discutir poder e participação política das mulheres. E vamos fazer um trabalho de grupo para discutir como é que tá a organização e a mobilização da marcha das margaridas aqui no oeste do Pará”.

 

Marcha das Margaridas

 

Caderno de texto com os 13 eixos que norteiam a construção da marcha / Foto:Tapajós de Fato

 

A 7ª edição da Marcha das Margaridas acontece em agosto, em Brasília. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares - CONTAG, explica que  “a Marcha é um caminho coletivo de construção de um projeto de sociedade que propõe um Brasil sem violência, onde a democracia e a soberania popular sejam respeitadas, a partir de relações justas e igualitárias”.

 

Nesse sentido, Ângela Costa afirma que “a marcha não é a ida a Brasília, né? A marcha são todas as ações que as mulheres fazem nas nossas comunidades, no seu sindicato, nos espaços em que as mulheres têm poder de fala. Agora, a cada quatro anos a gente se organiza para ir reivindicar a nível nacional pautas necessárias no nosso dia a dia. Então, a gente se organiza todo tempo enquanto mulher e as principais reivindicações que a gente não pode solucionar a partir de nós, e do município, a gente faz a discussão, e vai uma equipe levar essa pauta para o Governo Federal”.

 

Bolsas e camisa da Marcha vendidas para auxiliar no custeio / Foto: Tapajós de Fato

 

Sobre as expectativas para a Marcha deste ano, a Presidente da Fetagri- Pará elenca que “a nível federal, muitas das nossas pautas já estão internalizadas nos ministérios, principalmente no ministério das mulheres, mas também em todos os ministérios. Então, na marcha, na verdade, nós ainda vamos colocar elementos na nossa pauta, mas nós vamos nos preparar para uma resposta do governo. A partir do que nós já demandamos também. Então, eu tenho certeza, inclusive, de sermos recebidas no Palácio do Planalto, que não houve na última marcha, né? Não houve nem internalização de pauta, imagina ter audiência para ser recebida”.

 

Nesse sentido, a Contag pontua que “o processo de construção da Marcha das Margaridas se dá de forma descentralizada, a partir da união e força das mulheres em seus territórios”, o que corrobora o que foi dito por Ângela Costa.

 

Mulheres participantes da formação / Foto: Tapajós de Fato

 

Participaram da formação os municípios de: Faro, Terra Santa, Juruti, Curuá, Óbidos, Oriximiná, Alenquer, Prainha, Monte Alegre, Almeirim, Santarém, Mojuí e Belterra, que fazem parte da regional Baixo Amazonas. Bem como, Itaituba, Aveiro, Trairão e Rurópolis que fazem parte da regional BR 163.

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