Terça, 08 de Outubro de 2024
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2° edição do Festival ManíFestar celebra a Cultura, a Democracia e a Justiça Climática durante semana da Amazônia no Tapajós

O festival retorna em 2023 com ações culturais, mostra audiovisual, feira agroecológica e coleta de assinaturas pela Amazônia de Pé e defesa dos povos amazônidas no feriado (07), na Praça do Mirante, em Santarém (PA).

05/09/2023 às 11h35
Por: Tapajós de Fato Fonte: Ascom Manifestar
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2° edição do Festival ManíFestar celebra a Cultura, a Democracia e a Justiça Climática durante semana da Amazônia no Tapajós

Iniciativas em defesa do meio ambiente e dos povos amazônidas se unem para promover atividades de conscientização na região do Tapajós durante a segunda edição do Festival ManíFestar que, neste ano, celebra a cultura, a democracia e a justiça climática nos territórios em alusão a semana da Amazônia. Com ações culturais, mostra audiovisual, feira agroecológica, coleta de assinaturas pela Amazônia de Pé e intervenções artivistas, o Festival ocorrerá no dia 07 de setembro, a partir das 15h, na Praça do Mirante, em Santarém, com entrada gratuita.

 

A programação do Festival inclui o Sarau Curupira com Feira agroecológica de produtos de mulheres da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR), brechós, artesanatos, apresentações musicais com a cantora afroamazônida Priscila Castro, o cantor e compositor Rawi, a cantora Ádria Goés, o grupo de comédia AlterNativos, o cantor e ativista Everaldo Martins, a DJ Pedrita e os tradicionais Espanta Cão e Caldo Piranha. Além de intervenções artivistas com Norah Costa e exposições sobre artivismo climático nas periferias da Amazônia.

 

O Festival terá também a Mostra Maní de Audiovisual Amazônico com a exibição de 10 filmes comunitários, de baixo custo e equipamentos alternativos que abordem a temática socioambiental a partir das realidades da região, sendo estes em formato de curta-metragens e séries produzidas e protagonizadas por ativistas amazônidas, reunindo organizações, coletivos, iniciativas e produtoras audiovisuais e socioculturais do espaço cívico e cenário cultural local e regional como os jovens comunicadores indígenas do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (CITA), coletivo de juventudes Guardiões do Bem Viver do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, ONG Terra de Direitos e a Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOOQS), produtora independente Dzawi Filmes e o Projeto de democratização do cinema nas periferias de Santarém “Telas em Rede”.

 

Para Marcos Wesley, Coordenador do Tapajós de Fato e um dos produtores executivos do festival, a valorização da cultura é ferramenta importantíssima de transformação social a partir do território, mas que reverbera para além, globalmente. “Em 2022, tivemos grande aprendizado com o ManíFestar. Sua construção é necessária e de fundamental importância para a Amazônia. Ao debateremos nesta edição, novamente, a agenda climática, precisamos estar mais do que atentos para o futuro que queremos, principalmente com a vinda do maior evento climático do mundo para o nosso território, a COP 30, em 2025, e ainda mais em nossa região, que tanto sofre com projetos que buscam apenas o lucro do grande capital”.

 

COP 30 e a Justiça Climática na Amazônia

A segunda edição do Festival ManíFestar aprofunda o foco nas discussões políticas e ambientais a respeito de como as organizações, coletivos e iniciativas da região do Tapajós se articulam, percebem e buscam garantir sua participação, assim também, como suas demandas serão ouvidas, apresentadas e debatidas nas atividades da considerada maior e mais importante cúpula mundial relacionada ao clima do planeta, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que será realizada no Brasil em 2025, mais precisamente em Belém, no estado do Pará.

 

Pode parecer distante, contudo as urgências climáticas estão presentes e sendo agravadas a todo momento por questões como o desmatamento, pressão de interesses portuários advinda da influência do agronegócio, na qual a região norte do país é vista como uma saída rentável para o escoamento de produtos brasileiros para o mercado internacional, o que preocupa principalmente as populações originárias e ribeirinhas que não são consultadas durante o processo.

 

Além da mineração e do garimpo ilegal, já que segundo um estudo realizado pelo Laboratório de Epidemiologia Molecular da Universidade Federal do Oeste do Pará, lançado em março de 2022, em parceria com a Fiocruz e o WWF-Brasil, mostra que 75,6% dos adultos das áreas urbanas e ribeirinhas do Baixo Tapajós apresentam taxas de contaminação por mercúrio no sangue acima do limite de segurança estabelecido pela OMS.

 

Portanto, abordar as pautas socioambientais como a justiça climática e ampliar o debate por meio da cultura e do audiovisual é fundamental para fortalecer o espaço cívico, nesta atual conjuntura, considerando o papel importante que a Amazônia possui dentro do debate global e a oportunidade das negociações e tomadas de decisão a respeito da sobrevivência do planeta acontecer dentro do nosso território, reforça a necessidade de estarmos ainda mais organizados para pautar as demandas e denúncias presentes aqui e cobrar mudanças.

 

Para Matheus Botelho, coordenador geral da Na Cuia Produtora Cultural e um dos produtores executivos do ManíFestar, o intuito principal é aglutinar os diferentes públicos das organizações da região, “Para ações coordenadas de distribuição e compartilhamento de informações sobre: A importância da celebração da cultura como forma de atuação política no território; O que é a COP 30 e o que se faz nesses espaços de decisão da política climática global?; Como e por que é importante não esquecermos do voto como principal ferramenta de defesa dos nossos territórios, da Amazônia, mas principalmente da democracia? Perguntas que se somam no esforço coletivo da sociedade civil de alertar e conscientizar a população ainda não engajada em pautas socioambientais nos territórios amazônicos”.

 

II Mostra Maní de Audiovisual Amazônico

 A Mostra Maní de Cinema Amazônico nasceu dentro do Festival ManíFestar trazendo filmes comunitários, de baixo custo e equipamentos alternativos que abordam a temática socioambiental a partir das realidades da região amazônica. Com o objetivo de difundir obras de realizadores locais do Baixo Tapajós e Baixo Amazonas, fortalecer as narrativas protagonizadas pelas juventudes dos territórios, periferias e comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas da Amazônia paraense, como também, as lutas enfrentadas por estas populações.

V Sarau Curupira

 

O Sarau Curupira é um evento cultural que mistura música, dança, declamação de poemas, intervenções de artivismo, bem como rodas de conversas e debates acerca de questões pontuais do contexto amazônico. Promovido pelo Tapajós de Fato há alguns anos, o Sarau desempenha um papel importante no desenvolvimento de questões socioambientais, pois têm o potencial de educar, sensibilizar e mobilizar as pessoas em prol da sustentabilidade e da justiça social, no Baixo Tapajós.

 

Virada Amazônia de Pé

O Festival integra a Virada Amazônia de Pé, uma grande mobilização nacional em alusão ao Dia da Amazônia, celebrado em 05 de setembro. A programação terá ações em todos os estados, realizadas por grupos em defesa da Amazônia, como rodas de conversa, exibição de filmes, sarau cultural, apresentações artísticas e musicais. A ideia é sensibilizar cada vez mais a população brasileira para a apoiar a garantia dos direitos dos povos da Amazônia e a preservação do território, e apoiar ativistas e coletivos, em especial os da região amazônica, em sua mobilização por Justiça Climática, por exemplo.

 

Valorizando a Cultura e a Democracia na Amazônia

A Mostra Maní de Cinema Amazônico e o Sarau Curupira fazem parte das ações da 2° edição do projeto cultural ManíFestar, um festival integrado de impulsionamento da democracia e defesa dos territórios amazônicos por meio da comunicação e da cultura popular, que busca reunir organizações, coletivos e iniciativas do Baixo Tapajós à Baía do Guajará, a partir das multilinguagens e manifestações artísticas e culturais presentes nos territórios que alertam para temas referentes à preservação da Amazônia e as pessoas que a defendem.

 

O “Maní” vem da lenda da mandioca, base da alimentação de muitos povos, é dela que vem a farinha, a maniçoba, a macaxeira entre outros. Já “festar” é um verbo que significa se divertir, festejar e comemorar. Juntos os dois termos também formam a palavra “manifestar”, verbo que transmite a ideia de divulgar, tornar público, expressar. A partir deste conceito, a primeira edição do “ManíFestar” foi criado com muitas mãos para celebrar nossa cultura, divulgar as demandas dos povos do Tapajós e influenciar positivamente nas políticas e nas eleições em prol da Amazônia, das suas comunidades e ancestralidades.

 

A primeira edição do Festival foi realizada de 05 a 10 de setembro de 2022 em Santarém, Alter do Chão e nas aldeias Santo Amaro, Muratuba e Surucuá na região do Tapajós, Oeste do Pará, movimentando em torno de 7 mil pessoas com formações internas para ativistas das organizações locais, atividades educativas em escolas públicas, mostra de cinema amazônico, assembleia interna de povos indígenas e audiência pública. Além da programação cultural gratuita e aberta ao público que iniciou a semana com Sarau Curupira e a finalizou com a “Virada Cultural Amazônia de Pé”, que levou para Santarém grandes encontros da música como Suraras do Tapajós que convidou Thaline Karajá ao palco, e artistas como Nilson Chaves, Chico Malta, Priscila Castro e Cristina Caetano.

 

Realização da 2° edição do Festival ManíFestar: Tapajós de Fato, Na Cuia Produtora Cultural, Suraras do Tapajós e Maré Cheia. Apoio institucional: Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém (AMTR), Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns (CITA), Instituto Território das Artes (ITA), Projeto Saúde & Alegria (PSA), ONG Terra de Direitos, Guardiões do Bem Viver, Dzawi Filmes e Projeto Telas em Rede.  Apoio financeiro: ONG Tô em Movimento e GT de Juventudes da rede “Uma Concertação pela Amazônia” e ONG Nossas e Movimento Amazônia de Pé.

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