Durante os dias 23 e 24 de setembro, aconteceu na comunidade/aldeia de Suruacá, território Kumaruara, a II edição do Festival Piracaião, que reuniu cerca de 280 pessoas entre povos originários e comunidades tradicionais, superando a expectativa da organização do evento que era de 150 pessoas.
O festival é organizado pelo coletivo Jovens Tapajônicos, com apoio da secretaria de juventude da Tapajoara e do Departamento de Jovens do CITA [Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns] com o objetivo de engajar a juventude, principalmente, sobre a pauta de justiça climática, além de auxiliar os jovens participantes no processo de formação crítica e política sobre o território.
A programação do II Festival Piracaião abordou temas como a valorização da cultura local e dos territórios dos povos originários, além de debater as pautas ambientais, importantes para a região do Tapajós.
O Tapajós de Fato conversou com Walter Kumaruara da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns [RESEX] - Comunidade de Pedra Branca, aldeia Vista Alegre. Walter é fundador e coordenador do coletivo Jovens Tapajônicos e falou sobre a importância da realização da segunda edição do festival.
Foto: Tapajós de Fato
Para o fundador e coordenador do grupo, o festival pretendeu fortalecer as juventudes e as lideranças do território, além de trazer muitas informações a respeito das mudanças climáticas para dentro do meio amazônida, especialmente, direcionadas à juventude, com o objetivo de fazê-la entender qual o seu papel, tanto no sentido de defesa do território, quanto de se ver como parte integrante, constituinte desse espaço, pois o jovem ativista deve compreender o território como um espaço importante para fortalecer a sua identidade enquanto povo amazônida, como espaço de luta e de resistência.
Walter Kumaruara ressalta ainda que o papel do coletivo Jovens Tapajônicos é também vencer as barreiras dos preconceitos impostos à juventude. Ele entende que a juventude quer sim fazer alguma coisa e que precisa de oportunidades para mostrar seu valor. Isso foi o que aconteceu na segunda edição do festival, em que a participação dos jovens foi expressiva, o que conferiu ao evento a vivacidade e garantiu que valores importantes sobre território e sobre questões climáticas chegassem à geração juvenil da aldeia de suruacá.
Outro ponto levantado pelo jovem ativista foi sobre a construção do festival. De acordo com Walter, “antes de fazer o festival que vem com o tema de justiça climática, a gente fez uma pesquisa, para ver como as mulheres entendiam a crise climática. E a gente viu que não entendiam, mas queriam entender. A partir da pesquisa, a gente entendeu qual é a necessidade desse território, dessas pessoas, de entenderem sobre o tema e, a partir daí, fazer elas entenderem o que está acontecendo dentro do nosso território”.
A pesquisa foi o ponto de partida para fazer com que a juventude buscasse, através do festival, entender o tema, especificamente, sobre as mudanças climáticas no território e como elas estão afetando as pessoas.
Para o jovem ativista, é a partir do debate da crise climática feito no território que é possível fazer a nova geração correlacionar que “o que está acontecendo dentro do nosso território é crise climática, no momento que secam lagos, no momento que diminui o pescado dentro das comunidades, isso implica na alimentação das crianças, dos jovens e, tudo isso, é crise climática, por isso, a gente está aqui para botar na cabeça deles, que o que a gente está passando não é um problema lá fora, é um problema nosso também”.