O município de Santarém, localizado no oeste paraense, com uma população de mais de 300 mil habitantes, de acordo com o censo do IBGE em 2021, já foi classificado pelo Instituto Trata Brasil - Saneamento é Saúde, no ano de 2021 como um dos piores municípios brasileiros em relação ao saneamento básico.
Isso acontece porque, apesar da população de mais de 300 mil habitantes, 295.639.00 habitantes do município não têm acesso ao esgotamento da água-servida (que já foi usada e que precisa ser tratada para retornar às torneiras ou para voltar à natureza). Isso representa 95,88% da população santarena, de acordo com o Instituto Água e Saneamento, o que é um número alto para um município do porte de Santarém.
O município que é cartão postal no oeste do Pará, por seus pontos turísticos, e pelo encontro das águas na frente da cidade, é também o retrato do descaso do poder público quando se discute saneamento básico, pois, até hoje, o município não dispõe de um plano de saneamento e tampouco dispõe de qualquer política ou iniciativa de saneamento na cidade.
É possível observar restos de alimentos despejados de lanches e restaurantes do centro, além da falta de limpeza dos órgãos públicos têm afetado o cotidiano daqueles que precisam se deslocar pelo centro da cidade.
Diante desta realidade, o Tapajós de Fato foi às ruas conversar com trabalhadores e consumidores no centro da cidade, pessoas que sofrem diariamente com o mau cheiro, causado pelo acúmulo de lixo e pela água do esgoto pútrido, que exala pelas ruas e que, muitas vezes, atrapalha as atividades cotidianas.
Entrevistado 1
“É muito complicado porque é um cheiro muito forte e, então, no final do dia, a gente começa a sentir dores de cabeça, porque realmente incomoda muito e é muito ruim esse cheiro, atrapalha bastante também até na questão das vendas”.
O entrevistado sugere ainda “uma limpeza tipo de mês em mês ou de dois em dois meses, para que fique bem regular, porque além de atrapalhar muito ainda tem vários buracos na calçada aqui que podem atrapalhar o pedestre”.
Entrevistado 2
“Eu acho que deve haver melhorias, porque, às vezes, a pessoa já sente o mau cheiro e nem entra na loja. Isso dificulta até o nosso trabalho por conta do cheiro. Olha as condições! A pessoa não tem nem vontade de passar às vezes na calçada, porque o mau cheiro é muito forte”.
De acordo com o entrevistado 2, esse problema precisa ser resolvido imediatamente, pois a situação tem gerado um impacto negativo nas vendas, e o acúmulo de sujeira no esgoto traz infestações de ratos, baratas e outros insetos, além de prejudicar quem passa o dia inteiro trabalhando no centro da cidade. Ele diz ainda que “terrível é que não tem quem faça algo, (...) mas tem que ter alguém que faça alguma coisa, para essa situação ser resolvida imediatamente” - finaliza.
Entrevistado 3
O grupo de entrevistados são trabalhadores do centro que sentem que seu trabalho é prejudicado não apenas pelo esgoto, mas, também pela falta de lixeiras no centro da cidade, e fazem um clamor aos representantes da cidade “é tanto do vereador aí, e não fazem um projeto para botar lixeira nesse centro. Não tem lixeira, a gente colocou esse balde para botarem lixo, ou então, às vezes, a gente pega a caixa na farmácia para o pessoal jogar o lixo. E quanto ao esgoto, a padaria da Rui Barbosa que produz bolo e faz a lavagem do trigo, essas coisas tudo cai no esgoto não tem como escoar. O certo seria um sumidouro, alguma coisa assim pra melhorar esse fedor. A coisa tá horrível aqui. O passageiro entra no carro se reclamando, não tem condição, tem que alguém tomar providências.”
A população santarena vem sofrendo com o descaso do poder público. O esgoto é um problema visível. E essa mesma população tem sofrido com a falta de água em vários bairros. Hoje, são 152.289 habitantes da cidade sem acesso a água e sem um plano municipal para resolver esses problemas.
Chegando o ano eleitoral [2024], vão aparecer várias promessas de resolução desses problemas, mas a realidade é que a gestão atual e algumas gestões anteriores pensaram em resolver tudo com privatização; porém, todos os serviços privatizados no município apresentaram piora.
Até os dias atuais, nunca se viu uma autoridade do poder público exibir uma plano de infraestrutura da cidade que pense não apenas a realidade do esgoto do centro, mas que pense também a realidade das periferias, que têm uma qualidade de prestação desses serviços ainda pior, a realidade é que têm muito político fazendo politicagem com os anseios da população pensando em receber votos, mas, na realidade, nos últimos anos, participou efetivamente de gestões que não fizeram absolutamente nada.