Recentemente, observou-se a formação de uma intensa fumaça sobre a cidade de Santarém. Desde o final do mês de outubro, uma nuvem de fumaça cobriu toda a região metropolitana. Inicialmente, isso nada interferia na rotina dos santarenos; porém, logo a situação mudou.
Algumas semanas se passaram, a fumaça, além de permanecer sobre a cidade, está mais espessa, causando transtornos para a população. Observamos uma cidade totalmente opaca, onde o horizonte se resumia a uma visão turva. Mas de onde está vindo toda essa fumaça?
ORIGEM DA FUMAÇA
Em nossos levantamentos a respeito do assunto, observou-se que a região de Santarém estava cercada por focos de queimadas. Uma busca No Mapa do fogo, disponibilizado no site do INPE, mostrou que, recentemente, a quantidade de focos de queimadas próximos ao município está em níveis preocupantes.
Como observado no mapa, a quantidade de focos de incêndio próximos à cidade estão em um nível alarmante. Assim, a explicação para a origem dessa fumaça é essa grande quantidade de focos de incêndio.
CAUSAS DOS FOCOS DE INCÊNDIOS
A região Amazônica vive, atualmente, uma das maiores secas da sua história. A população tem sido assolada pelo calor extremo devido ao fenômeno El Niño; pelo nível dos rios chegando a valores extremamente baixos, causando transtornos para todos que dependem desses cursos de água para sobreviver; e pelas taxas pluviométricas em índices baixíssimos, com áreas apresentando mais de 3 meses sem uma chuva sequer para mitigar a situação. Essa série de fatores torna a vegetação da região mais suscetível a queimadas.
A questão da queimada proposital também é um fator preocupante. Mesmo com a forte estiagem, os proprietários de terras rurais - sejam os pequenos, sejam os grandes – realizam, com frequência, queimadas de áreas para abertura de campos de cultivo para soja, milho, etc.. Muitas vezes, eles perdem o controle da queimada, criando um incêndio florestal em escalas absurdas, gerando um impacto negativo tanto para o meio ambiente, quanto para a população.
RISCO A SAÚDE
A densa nuvem de fumaça, que é constantemente observada sobre a cidade de Santarém, oferece diversos riscos à saúde da população.
Perguntamos a alguns moradores da cidade de Santarém se haviam notado ou sentido alguma mudança após a formação dessa nuvem de fumaça. A maioria respondeu que, além do embaçamento provocado pela fumaça, percebe em si certa ardência nos olhos, dificuldade para respirar, irritação no nariz e tosse seca.
É interessante frisar que estudos sobre os efeitos da fumaça na saúde humana são bem escassos, porém é sabido que o fenômeno da queimada traz consigo uma série de fatores que podem prejudicar a saúde da população, tais como emissão de gás carbônico (CO2), nocivo à saúde; de substâncias cancerígenas, o que gera risco de neoplasias; e de material particulado, que é aspirado pelas vias aéreas e se instala no organismo.
As queimadas geram resíduos que, além de diminuir a qualidade do ar, proporcionam a proliferação de doenças de respiratórias e outras enfermidades a longo prazo, causando transtornos para sociedade como um todo.
Vale ressaltar que muitos desses focos podem ser evitados, tomando medidas de prevenção e realizando ações para mitigar fenômenos de causas naturais.
O QUE FAZER PARA MITIGAR OS EFEITOS DA FUMAÇA?
O Doutor Igor brandão, gastropediatra atuante na cidade de Santarém, publicou recentemente em suas redes de comunicação algumas medidas que podem ser tomadas para mitigar os impactos provocados pela fumaça, dentre elas temos:
Fique dentro de casa e mantenha as portas e janelas fechadas. Caso não seja possível, procure abrigo em outro lugar;
Não aumente a poluição do ar interior de sua residência. Não acenda velas, nem use fogões a gás, lenha, lareiras, ou sprays aerossóis;
Evite fumar no interior da casa;
Prepare uma sala limpa em sua casa. Escolha um cômodo que tenha o mínimo de janelas e portas possíveis;
Se você for ficar ao ar livre, use mascaras N95 devidamente ajustadas ao seu rosto. Não utilizar lenços para se proteger da fumaça;
Evite atividades extremas a céu aberto, como correr e caminhar;
Caso tenha doenças cardíacas ou pulmonares, consulte seu médico para orientações sobre como proceder diante da fumaça.
O QUE SE TEM FEITO PARA COMBATER A NUVEM DE FUMAÇA?
Recentemente, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) publicou uma portaria a respeito de medidas de monitoramento e enfrentamento às queimadas no município de Santarém, baseando-se na Instrução Normativa nº. 08, de 28 de outubro de 2015, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade – Semas/PA; na Portaria nº 395/2023 publicada pelo Ministério do Meio Ambiente e nos Decretos 847/ 2023 e 856/2023, que declararam situação de emergência nas áreas do município de Santarém afetadas pela forte estiagem. A Portaria entrou em vigor desde sua publicação e o não cumprimento das medidas implicará em notificações, multas e até mesmo em prisões e apreensões.
Mas é necessário ir além de portarias e decretos, é preciso apagar as chamas que consomem os territórios e sufoca a população. É preciso fiscalização efetiva e punição para quem faz queimada criminosa.
Quer saber mais sobre o assunto? Em Nosso Portal você encontra essa e outras reportagens sobre o que está ocorrendo em Santarém e em toda a região. Visite também Nosso Podcast no Spotify, onde temos episódios especiais falando sobre a temática da onda de fumaça em Santarém.