Terça, 17 de Setembro de 2024
Território Fortalecimento

Comunicação e turismo de base comunitária: jovens do Baixo Tapajós embarcam em uma experiência para fortalecer o turismo nas comunidades

Ao longo de 7 dias as juventudes da Resex e do Pae Lago Grande estiveram reunidas em um barco para navegar por algumas comunidades, e ao longo da viagem passarem por formações de comunicação popular e turismo de base comunitária.

09/02/2024 às 14h03
Por: Isabelle Maciel Fonte: Tapajós de Fato
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Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

Entre os dias 29 de janeiro e 4 de fevereiro, cerca de 25 jovens de 12 comunidades da região do Baixo Tapajós estiveram embarcados em uma experiência coletiva que envolveu comunicação e turismo de base comunitária.

Ao longo de 7 dias as juventudes da Resex e do Pae Lago Grande estiveram reunidas em um barco para navegar por algumas comunidades, e ao longo da viagem passarem por formações de comunicação popular e turismo de base comunitária.

Essa iniciativa foi uma ideia da Turiarte, cooperativa que trabalha com turismo e artesanato de base comunitária, ao perceber que os jovens filhos dos cooperados não estavam se envolvendo tanto com os trabalhos que os pais desenvolvem, e com isso se percebeu a necessidade de incentivar essa juventude para engajar de alguma forma na prática do turismo de base comunitária.

A partir daí, a convite da Turiarte, o Coletivo Jovens Tapajônicos, grupo de jovens do território da Resex que trabalha pincipalmente com comunicação popular, começou a pensar como iria trabalhar junto aos filhos dos cooperados para engajá-los. Foi então que surgiu a ideia de unir comunicação e turismo.

Fotos do projeto: Cristian Arapiun e Walter kumaruara

Em entrevista ao Tapajós de Fato, Walter Kumaruara, que é coordenador do Coletivo Jovens Tapajônicos, afirma que o objetivo principal do projeto é mostrar o turismo através do olhar das juventudes dos territórios. “A gente sabe que tem muitas empresas e sites falando sobre isso, mas não tem jovem da própria região fazendo isso. Então a gente resolveu fazer essa atividade de visitar as comunidades e essa galera cair em campo para produzir conteúdo sobre o turismo de base comunitária”.

Ao todo 5 comunidades foram visitadas, onde eles passaram por Urucurea, São Miguel, São Marcos, Anã e Atodi. Durante esse percurso, como ressalta Walter Kuaruara, os jovens puderam conhecer os pontos turísticos e passeios dessas comunidades, e ao vivenciarem cada momento eles também fizeram o registro de tudo através de celulares.

“Eles foram como turistas né, ao mesmo tempo que eles iam visitando tudo isso já estavam colhendo materiais, como podcast. Acho que nunca ninguém fez isso assim com a juventude, essa galera é toda de comunidades para essa formação, e fizemos essa capacitação dessa juventude falando da importância desse olhar da própria juventude, que muitas vezes não consegue ver o meio ali de sobrevivência no território, mas através desse olhar consegue ver essas belezas que tem. Muitas das vezes os jovens estão lá dentro da comunidade, mas não sabem o que se tem ali dentro”, reflete Walter.

Fotos do projeto: Cristian Arapiun e Walter kumaruara

Durantes os 7 dias de viagem, os jovens passaram por formações de capacitação para utilizarem das ferramentas de áudio e vídeo como instrumentos no fortalecimento do turismo de base comunitária da região, e o resultado foi 14 peças produzidas, entre podcasts e documentários. Sobre a divulgação, Walter afirma que “a gente tá pensando um jeito de como é que vai divulgar esse material, se vai subir para o site, se vai para as rádios também”.

Quem esteve embarcada nesse projeto e conta um pouco da experiência, é a jovem Eliza Amorim, de 18 anos, moradora da comunidade de Anã no rio Arapiuns.

“Foi uma oportunidade única esse curso de mídias digitais, com o objetivo de se criar novos jovens comunicadores dentro da Reserva, dentro do território. E o mais legal foi que os nossos estudos eram as comunidades e aldeias, e o conteúdo era de vivências dos projetos da nossa realidade. Foi muito legal essa metodologia que foi aplicada por eles, a gente saiu com aprendizado de que não existe ninguém melhor para falar do nosso território se não nós mesmos, através das ferramentas da comunicação”, finaliza a jovem.

Fotos do projeto: Cristian Arapiun e Walter kumaruara

Walter Kumaruara é um jovem de 28 anos que desde criança se engajou na luta do movimento indígena, principalmente utilizando a comunicação como ferramenta em defesa dos territórios, e finaliza comentando a importância de projetos como esse, que conectam os jovens com os territórios da região.

“É importante ver essa juventude protagonizando tudo isso, porque eu sempre falo que não deixem que outras pessoas falem por vocês se vocês podem contar a história que é de vocês. Porque a história do turismo de base comunitária, a história dessa geração de renda também é a história deles, é a história dos pais deles”.

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