Na manhã do dia 26 de fevereiro, algumas ruas do bairro Uruará foram bloqueadas por moradores, após o corte de 39 famílias do benefício do aluguel social.
As barricadas de bloqueio dos manifestantes iniciam-se próximo a rua que serve de entrada para o Porto da Atem, e termina próximo a escola Irmã Leodgard Gausepohl. A área em que os moradores do PAC/Uruará vivem, é uma área de grande interesse pelo município para a construção de portos.
O problema de moradia na região do Uruará é um problema antigo, os moradores cobram na manifestação as unidades habitacionais ou seus terrenos, que foram destinados ainda no governo Maria do Carmo, para o programa habitacional, de acordo com informações coletadas. As famílias seguem esperando por anos o início das obras para que possam ter sua moradia própria e sair do aluguel.
Para entender melhor a situação do programa, o Tapajós de Fato esteve no local para ouvir as famílias que protestavam por se sentirem prejudicadas por essa situação.
Ângela Pereira, beneficiária do aluguel social e moradora do bairro, explicou ao Tapajós de Fato a situação das 39 famílias excluídas do benefício.
De acordo com Ângela, recentemente as famílias foram informadas que haviam sido cortadas do programa, pois não se encaixavam no perfil de beneficiários, pois as mesmas não teriam comprovações suficientes que realmente residiam na região antes.
A morada rechaça essa versão do fato levantado pela Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária [SEHAB], pois a mesma explica que os moradores sempre residiam naquela área - “a gente morava aqui, nós tínhamos as nossas casas, nossa família [...] a gente só está querendo o que é nosso, os nossos lotes, nós estamos reivindicando nossos direitos para voltarmos à nossa área. Não tem mais como a gente ficar de aluguel, tem pessoas que estão há 17 anos no aluguel, existem pessoas que já morreram e outras que estão morrendo, esperando…” - ressalta Ângela, que foi uma das moradoras cortadas do programa.
Desde de que foram retiradas de suas casas, as famílias recebem do Governo Federal um auxílio no valor de R$300 reais, e devem agora parar de receber, pois houve a retirada delas do cadastro.
Revoltada, a ex-beneficiária do programa ressalta ainda que - “o nosso maior erro foi a gente ter feito um acordo boca a boca com a prefeitura (acordo feito com o atual prefeito Nélio Aguiar, no início de seu primeiro ano de mandato)”, afirma dona Ângela.
Os manifestantes seguem indignados com toda a situação que estão passando, e questionam agora para onde vai o dinheiro público enviado pelo Governo Federal, que atendeu as 39 famílias que foram cortadas, além de denunciarem o que está por trás da tentativa de tirar as famílias daquela área - “a gente sabia que queriam vender para o Porto, sei que eles querem se beneficiar desse terreno e jogar às famílias [...] né, que é que eles querem fazer dessa área, sendo que o parque PAC/Mapiri a maioria, e nós seguimos aqui nessa peleja”.