Quinta, 05 de Dezembro de 2024
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ICMBio realiza a primeira Feira da Sociobiodiversidade com agricultores familiares da região de Santarém, Oeste do Pará

Dentre os objetivos da 1ª Feira da Sociobiodiversidade, além de comemorar o dia do meio ambiente, também foi trazer discussões sobre questões ambientais como Mudanças Climáticas, Crise Climática usando o contexto regional.

06/06/2024 às 09h36 Atualizada em 25/10/2024 às 14h49
Por: Conce Gomes Fonte: Tapajós de Fato
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Foto: Tapajós de Fato
Foto: Tapajós de Fato

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade- ICMBio realizou na sede Santarém a 1ª Feira da Sociobiodiversidade, que contou com mesas de debate, exposições de curta metragem e um momento de arte e cultura com danças e apresentações artísticas. 

Dentre os objetivos da 1ª Feira da Sociobiodiversidade, além de comemorar este dia, também foi trazer discussões sobre questões ambientais como Mudanças Climáticas, Crise Climática usando o contexto regional. Quem compartilha conosco sobre essa iniciativa é Gabriel de Toledo, servidor do ICMBio desde 2022 na gerência regional Norte.

“A ideia do evento, da 1ª feira da Sociobiodiversidade foi comemorar a data de hoje, ao mesmo tempo que a gente gostaria de discutir, debater sobre as questões ambientais, as Mudanças Climáticas, a Crise Climática usando o contexto regional, mas também fazendo paralelos com o contexto mundial. As previsões são de que piore a frequência e a intensidade das catástrofes climáticas né? Então a gente queria reunir pessoas da sociedade de diversos setores tanto de instituições públicas quanto da sociedade civil, e, assim como os comunitários, e produtores ecológicos, agroextrativistas, o pessoal do artesanato, pessoal do cultural, da música da poesia, as escolas, a academia, pra que todos pudessem se encontrar e conversar a respeito do Meio Ambiente e também, ao mesmo tempo fomentando a bioeconomia da região. E é muito importante as feiras pra contribuir com essa economia local, uma economia sustentável que tem muito potencial ainda pra ser desenvolvida… a ideia partiu do professor Jackson que é do Ibef e da nossa gerente regional que é responsável por todas as unidades de conservação federais, que hoje somam 136”.

A partir dessa observação, da importância de contribuir com os produtores e produtoras rurais sustentáveis das unidades de conservação, assentamentos ecológicos e de outros lugares que produzem sustentavelmente, foi que o ICMBio resolveu realizar a 1ª Feira da Sociobiodiversidade, para que esses produtores pudessem vender seus produtos, escoar, aumentar sua renda, se fazer conhecer e também compartilhar sua cultura. Na feirinha estiveram presentes agricultores de diversos lugares de toda a região do Tapajós, mobilizados por dona Ivete Bastos do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais- STTR.

A proposta é que a feira seja realizada periodicamente, inicialmente mensal, e posteriormente, aumente a frequência de realização, organizando por escalas, e também que aconteça de maneira itinerante, ultrapassando os limites da cidade de Santarém.

Foto: Tapajós de Fato

Durante o evento aconteceram reuniões, mesa redonda, debates, palestras e a sensibilização por cinema a respeito dos incêndios florestais na região, relacionando ao contexto da Crise Climática e das Mudanças Climáticas, na ocasião foram apresentados dois curta metragens produzidos por professoras e alunos da comunidade de Prainha, da Flona do Tapajós e em seguida foi realizada uma mesa de debate para discutir acerca da prevenção de incêndios.

Na ocasião do evento, os servidores da Carreira Especialista em Meio Ambiente manifestavam sua indignação ante ao descaso e desinteresse nas melhorias de condições de trabalho e reajuste salarial, observando que em áreas remotas, muitos servidores não tem suporte de segurança para realizar seu trabalho, principalmente nas atividades insalubres e perigosas. Quem compartilha com a equipe do Tapajós de Fato sobre essa reivindicação é João Carlos Pompeu, Analista Ambiental do ICMBio, atualmente lotado na Floresta Nacional de Mulato, que é uma Unidade de Conservação localizada entre os municípios de Monte Alegre e Alenquer.

Foto/ ICMBio

 

“Hoje não é somente o ICMBio, mas como em todos os órgãos vinculados ao Ministério do Meio Ambiente, né? No caso IBAMA, serviço florestal brasileiro, ICMBio e o próprio ministério o MMA, nós estamos hoje em busca da representação da nossa carreira. E que abrange diversas pautas relacionados à atuação da carreira dos servidores voltados para o meio ambiente. Algumas entre essas pautas a gente tem a valorização salarial, mas não é apenas isso. A gente também possui alguns colegas que estão lotados em lugares da Amazônia principalmente onde são regiões muitas vezes de fronteira, onde a pressão ambiental é muito grande e que são inúmeras desde o garimpo até pressão de madeireiros, grileiros, enfim. E hoje as condições que nos são colocadas, que nos são impostas pelo pelo sistema federal, não atende  o mínimo de segurança pra nós exercermos a nossa função. E então a nossa pauta não é apenas em busca de melhores condições salariais, mas também de melhores condições de trabalho. Porque a partir do momento que a gente consegue ter pelo menos melhores condições de trabalho, nós conseguimos fixar servidores na Amazônia e em outros lugares”.

Para que os servidores consigam atender as demandas a nível nacional e internacional, os servidores precisam de segurança e melhores condições de trabalho, pois sofrem ameaças de infratores ambientais e na maioria das vezes não há a segurança que necessitam para realizar seu trabalho.

No dia 5 houve a paralisação nacional, em todos os biomas como Mata atlântica, Cerrado, Amazônia e em todo o Brasil, já se encaminhando para uma possível greve.

“A gente já está caminhando porque as últimas propostas que se fizeram refletir não melhora, mas sim é uma perda de conquistas que a classe ganhou. E então tivemos algumas propostas que não foram satisfatórias para a classe ambiental e parece que nós estamos cada vez sendo menos ouvidos por quem deveria estar valorizando essa agenda ambiental do nosso país. Mas a gente está na luta. Nós somos contra a reestruturação. E não é apenas um movimento de um único lugar, mas sim de muitos outros lugares. E a gente espera que isso possa refletir na melhora do nosso serviço, que é muito importante não só pra Amazônia mas como também para todo o país”.

Também estiveram no evento alunos e professores da escola Rosilda Von do Planalto Santareno, nossa equipe entrevistou o professor Edilson Macambira que compartilhou a importância da participação dos alunos na 1ª Feira da Sociobiodiversidade do ICMBio.

“Os alunos hoje somos nós. O futuro são eles. Nós já vimos que o estrago está grande. Né? Nós estamos trabalhando, conscientizando para que no futuro não muito distante eles façam a diferença. Então é esse o nosso objetivo principal. Conscientizá-los para que no futuro eles preservem muito mais do que a gente tem feito”.

A realização da feira no dia mundial do Meio Ambiente contou com a presença de vários produtores e produtoras rurais da agricultura familiar que mobilizados, trouxeram suas produções agroecológicas, saudáveis e sem agrotóxicos para vender na feira, garantindo renda, alimentação de qualidade a quem adquirisse um produto. A principal articuladora no chamamento dos agricultores familiares foi dona Ivete Bastos, que atualmente está na direção do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais- STTR de Santarém.

Foto/arquivo pessoal

“Estou hoje na direção do STTR de Santarém mas também como mulher trabalhadora rural agroextrativista associada a AMTR e a gente também articula outras mulheres pra que a gente possa estar expondo a nossa produção agroecológica, e hoje sendo o dia do meio ambiente, um momento em que o ICMBio nos convidou pra esse momento pra que a gente pudesse estar trazendo produto da gente, ficamos muito feliz porque é um momento em que os as pessoas têm oportunidade de estar olhando, de estar ouvindo, dialogando com a gente sobre a nossa produção agroecológica. Estar dialogando com órgãos do governo é também trazer a eles as problemáticas que a gente vive, as dificuldade por falta de assistência técnica, por uma crise climática tão violenta, uma estiagem que tem tem prejudicado a nossa produção, mas dizer que quando cai uma chuva, quando sai uma oportunidade de ter água, nós também temos muito produto saudável e é por isso que nós viemos hoje aqui e agradecemos”.

O evento teve seu encerramento às 19h com um momento onde ocorreram diversas apresentações culturais como dança de carimbó, capoeira, música, rap, poesia e a feirinha que foi a atração principal do evento, atraindo muitos visitantes e permitindo assim que os agricultores conseguissem encerrar o dia de forma positiva, dessa forma o evento alcançou seu principal objetivo.

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