O coletivo de graffiti formado por mulheres e pessoas trans, "Freedas Crew", esteve em Santarém, Oeste do Pará, realizando atividades em comemoração aos seus 10 anos de atuação. O tema da arte em produção pelas pessoas artistas envolvidas é: "Arte, Resistência e Justiça Climática na Amazônia" foi realizado com alunos do ensino médio da escola Terezinha de Jesus Rodrigues, em Santarém.
Para o grupo, é importante chamar a atenção por meio da arte para a região metropolitana de Santarém, por ser uma área cada vez mais ameaçada pela ganância dos que querem sugar a natureza até a última gota.
Isa Muria, artista visual, grafiteira, faz parte do coletivo e fala: “a arte é uma ferramenta de luta e ferramenta de comunicação”. Em relação aos problemas que afetam a população devido às alterações climáticas o que piora é “a falta de informação”. Segundo a artista, em muitos casos, a informação não chega, então as pessoas não se comovem até acontecer um desastre maior”, comenta.
Para ela, a experiência na escola em Santarém foi “interessante”. Além do painel (oficina de Graffiti), o coletivo trabalhou com oficinas de reciclagem, falando sobre biotinta e reciclagem de papel. Em relação à escolha do local para produzir o painel, apesar do coletivo ter uma atuação mais forte na cidade de Belém, uma das integrantes é de Santarém e, portanto, a escolha de desenvolver atividades na cidade. O projeto está sendo realizado também por ser aprovado na Lei Paulo Gustavo.
Isa fala que a “arte pode ser uma ferramenta de conscientizar, de trazer esse debate aqui para os alunos, e para a sociedade como todo. A gente percebeu, enquanto fazia o muro, alguns pais chegando e perguntando, qual o intuito e eu falei que o intuito era fazer a educação ambiental, falar da realidade que a gente vive”.
A artista destaca ainda que teve que lidar que comentários que carregam discurso políticos “a gente tá ali, mas a gente é mulher também, e a gente ouve várias coisas”, comenta
Isa Muria fala que, assim como ela teve a vida transformada pela arte, ela acredita que outras vidas podem ser transformadas, principalmente quando se junta a arte com a educação. “A pessoa consegue perceber que ela consegue fazer algo a mais do que ela está vivenciando. A arte é esse lugar de fala, e uma potência de comunicação e compartilhamento de informação para a gente entender a urgência, […] todo mundo é atingido[pelas mudanças climáticas]”, finaliza.
Para o diretor da escola, Signeu Augusto de Medeiros, é uma forma de ampliar o debate ambiental e climático nas salas de aulas com os alunos da Amazônia. O diretor ressalta que há professores que já abordam a temática, sempre colocando a comunidade escolar “dentro das questões climáticas, e esse projeto ele agrega muito porque nós já temos essa linha de trabalho”, comenta.
O professor ressalta que o projeto conversa diretamente com o slogan da escola Terezinha, que é o de integrar vidas. “A nossa fachada da escola ficou com esses aspectos do clima, que é um tema muito atual, nós estamos próximos da COP30 (Conferência das Partes Pelo Clima), os nossos alunos precisam desse conhecimento”, explica.
Além do painel, a escola desenvolve projetos voltados para o cuidado com as águas, participa de eventos nacionais sobre clima e meio ambiente, informou o diretor.
Para o professor, ainda que muitas pessoas estejam se envolvendo apenas agora com o debate ambiental e climático, a ideia é despertar nos alunos o senso crítico para essas temáticas. “Para poderem ser críticos. Eles vivem em um mundo de celular que não é para pesquisa…. Então, o conhecimento dele [aluno] é muito pequeno a respeito de um tema que ele vive, que ele conhece: a floresta, os rios. Essas temáticas são muito relevantes para o ensino-aprendizagem dessas crianças”, finaliza.
O coletivo tem vontade de realizar mais atividades pela região do Tapajós, se unindo a outras iniciativas pela defesa dos territórios e das lutas climáticas e socioambientais desenvolvidas na região.
E para saber mais informações sobre o trabalho do coletivo, basta acessar o perfil freedascrew