Organizações da agricultura familiar do Oeste do Pará lançam nota contra desinformação disseminada por setor do agronegócio em relação às queimadas

Leia a nota na íntegra.

28/11/2024 às 14h08 Atualizada em 28/11/2024 às 14h14
Por: Tapajós de Fato Fonte: Tapajós de Fato
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Foto: Marizilda Cruppe
Foto: Marizilda Cruppe

Nas últimas semanas a fumaça, devido aos incêndios que ocorrem na Amazônia, está se intensificando, e uma das cidades que mais tem sofrido com isso é Santarém, localizada no oeste do Pará, que nos últimos dias está coberta por fumaça.

Nesse momento diversos grupos têm feito frente para combater essa situação que gera impactos climáticos para o mundo, um desses grupos é a agricultura familiar, que foi surpreendida por uma nota vinda de um sindicato do agronegócio da região de Santarém, que aponta as áreas de assentamentos como principais causadoras dos incêndios, locais esses onde se encontram os agricultores e agricultoras familiares da região.

Leia a nota das organizações da agricultura familiar na íntegra:

Nós, Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Baixo Amazonas, Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém, Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Mojuí dos Campos, Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Belterra, vimos por meio desta Nota, repudiar e contrapor os termos da manifestação pública feita pelo SIRSAN.

Na data de 26 de novembro, o SIRSAN - Sindicato Rural de Santarém, representante do agronegócio, lançou nota oficial na qual se opôs às queimadas realizadas na região, e afirma que supostamente esses focos de incêndio tem ocorrido principalmente em áreas de assentamento. Com a nota, o Sirsan supostamente se coloca a favor do meio ambiente, mas queremos indicar a realidade sobre os fatos:

a) A agricultura familiar na Amazônia tem sido resistente como forma sustentável de relação com a terra, com práticas de aceiro, diversificação da produção agroextrativista, e, é exemplo de resiliência às mudanças climáticas;

b) Os projetos de assentamentos no Baixo Tapajós são importantes formas de garantia da terra para agricultores familiares, porém têm sido ameaçados pela exploração madeireira, pecuária em grandes áreas de pasto e pela soja. As atividades que mais desmatam a Amazônia são a pecuária e a sojicultora, que também usam veneno;

c) Antes das queimadas, áreas no planalto Santareno foram alvo de desmatamento, até mesmo com uso de correntão e depois convertidas em plantio de soja, e isso não ocorreu em Assentamentos;

d) As áreas mais impactadas pelas queimadas são áreas de especulação imobiliária rural e não se restringem a projetos de assentamentos;

e) A reforma agrária efetiva, com destinação de terras e políticas públicas, mais do que a regularização fundiária, é capaz de combater as mudanças climáticas e garantir um futuro para a Amazônia.

Com isso, queremos combater a desinformação sobre meio ambiente e clima, nós que sempre estivemos na linha de frente na defesa da terra, do território, das águas e florestas. Produzimos alimentos saudáveis e não soja com veneno. Produzimos alimentos sem veneno e protegemos a preservação da floresta e da vida!

Santarém, PA, 28 de novembro de 2024.

Assinam essa nota:

Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Baixo Amazonas- FETAGRI- BAM

Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém

CEP. 68040-400 – CNPJ: 04.838.538/ 0001-20.

Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Mojuí dos Campos CEP. 68.129-000 CNPJ: 12.367.573/0001-37

Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Belterra. CEP. 68.143-000 CNPJ: 05.486.486/0001-33

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