Audiência pública em Santarém discute impactos da crise climática e segurança alimentar no Oeste do Pará

Representantes da sociedade civil, movimentos sociais e parlamentares destacam a necessidade de políticas públicas atualizadas e apoio emergencial para enfrentar os desafios da seca, queimadas e escassez de alimentos na região.

19/12/2024 às 17h46
Por: Marta Silva Fonte: Tapajós de Fato
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Sociedade civil organizada participa da audiência pública sobre crise climática em Santarém/ Foto Thaygon Arapiun (CITA)
Sociedade civil organizada participa da audiência pública sobre crise climática em Santarém/ Foto Thaygon Arapiun (CITA)

Na manhã desta quarta-feira (19), a Câmara Municipal de Santarém realizou uma audiência pública voltada ao enfrentamento das queimadas, da fumaça, da estiagem e dos desafios relacionados à segurança alimentar que afetam a região Oeste do Pará. 

O evento, promovido pelo deputado federal Airton Faleiro (PT-PA), em parceria com o vereador Biga Kalahare (PT-Santarém), foi transmitido pelos canais oficiais da Câmara Municipal de Santarém e da Câmara dos Deputados, permitindo que parlamentares federais acompanhassem os debates, e contou com a participação da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém - FOQS, do Conselho Indigena Tapajós-Arapiuns - CITA, do Movimento Tapajós Vivo - MTV, do MPP, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém, da FAMCOS e do Projeto Saúde e Alegria, como representantes da sociedade civil organizada.

O objetivo principal da audiência foi ouvir as demandas da sociedade civil e de entidades representativas diante dos impactos ambientais e sociais causados pela crise climática. A seca, a escassez de alimentos e de água potável foram os temas mais destacados pelos participantes, além das queimadas que têm devastado várias localidades da região.

A audiência foi organizada pelo Dep. Airton Faleiro e pelo Vereador Biga Kalahare/ Foto Thaygon Arapiun (CITA)

A audiência foi organizada pelo Dep. Airton Faleiro e pelo Vereador Biga Kalahare/ Foto Thaygon Arapiun (CITA)

“Diante da triste situação das queimadas que enfrentamos, pessoas adoecendo, falta de água e alimentos nas comunidades, decidimos promover este debate. Já havíamos tratado do tema em uma audiência com a ministra Marina Silva, mas entendemos que era necessário dar voz à sociedade para ampliar essa discussão”, pontuou o deputado Airton Faleiro.

De acordo com as informações dos parlamentares, os diálogos com a população foram fundamentais para medir os impactos ambientais sofridos pelos moradores e contribuir para a formulação de propostas de políticas públicas, tanto no âmbito federal quanto no municipal. Essas políticas devem focar em ações preventivas para evitar que a região enfrente novamente os mesmos problemas nos períodos de seca e estiagem extrema vivenciados nos últimos dois anos.

“Esta audiência tem o intuito de construir soluções que impeçam a repetição dessas adversidades, que geram transtornos para a saúde e o bem-estar social”, concluiu o vereador Biga Kalahare.

Participação da Sociedade Civil Organizada

Estiveram presentes Miriane Coelho, presidente da FOQS e Ivete Bastos, presidente do STTR/ Foto Thaygon Arapiun (CITA)

Estiveram presentes Miriane Coelho, presidente da FOQS e Ivete Bastos, presidente do STTR/ Foto Thaygon Arapiun (CITA)

Durante a audiência, os representantes da sociedade civil apontaram os riscos para o próximo ano, abordaram a ausência de apoio emergencial, bem como, reivindicaram mais água e mais alimentos, além de apoio para a pesca artesanal e agricultura familiar, e mais efetivo para o combate às queimadas.

“A audiência foi importante. Aconteceu tardiamente, mas foi aproveitada por movimentos sociais. Ficou nítido que a crise climática é algo novo que vem sendo enfrentada com políticas antigas e insuficientes. Depois da audiência precisamos mais do que nunca atualizar as políticas de adaptação climática e reivindicar recursos. Pescadoras, trabalhadoras urbanas e agricultoras, todas sofreram com a seca e para nenhuma delas foi aplicada uma política adequada, mas para o agronegócio, sim”, pontuou Pedro Martins, Educador Popular da FASE-Amazônia.

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