Desde o primeiro dia de 2025 a população paga mais caro pelas passagens no transporte público em Santarém, Oeste do Pará. O reajuste das tarifas do transporte público foi oficializado pelo Decreto nº 717/2024. A tarifa urbana que antes tinha o custo de 4,20 foi alterada para 4,50.
A mudança revoltou a população de Santarém que utiliza o transporte coletivo para suas atividades cotidianas. A revolta e o ato abrange o questionamento diante do que os passageiros consideram injustiça e “roubo”, pois, as linhas de transporte são precarizadas e sem qualidade e tampouco tem segurança para os usuários.
Diante de tal mudança, organizações estudantis e demais movimentos sociais vão realizar nesta quarta -feira, 15 de janeiro, um ato na Praça São Sebastião, a partir das 17 horas, contra o reajuste na tarifa do transporte público.
A decisão referente ao aumento da passagem de ônibus não vem da gestão atual que assumiu a prefeitura em 2025, a medida vem da gestão anterior. O ex- prefeito Nélio Aguiar juntamente com o Conselho Municipal de Transporte, que hoje não tem uma representação estudantil legítima, deliberaram o aumento, sem nenhum diálogo com os movimentos estudantis.
Assim, várias organizações se mobilizam para manifestar ante a uma decisão tomada sem a participação do povo. Damilly Yared - Vice-Presidente da UES e integrante da Frente Estudantil Pelo Passe Livre /Santarém compartilha conosco sobre o ato e os objetivos dessa ação diante do aumento injustificado da passagem de ônibus. “Então a gente tem várias organizações participando dessa mobilização chamando para o ato. É a UES que é a União do Estudante de Ensino Superior de Santarém, o DCE da UFOPA, nós temos também o movimento pelo passe livre estudantil em Santarém. Bom, em primeiro lugar a gente quer fazer essa manifestação pra chamar a atenção da população com certeza, porque se for perguntar pro trabalhador ele não acha justo o aumento da passagem, e também pra pressionar o novo governo, falar que ele pode sim retirar, ele pode anular esse decreto, não foi na gestão dele e ele pode rever, pode dialogar com a população e com as organizações estudantis”.
Além de alertar a população sobre a injustiça do aumento da passagem, as organizações que lideram o movimento pretendem forçar o diálogo com o novo governo e chegar ao Ministério Público, para que este volte a olhar para a situação do transporte público em Santarém, que apresenta vários problemas, e ainda que a passagem aumente indevidamente, tais problemas não se encontram em processo de resolução.
A questão se estende para além do aumento das passagens e chega ao Conselho Municipal de Transportes. "É um conselho que já tem as cartas marcadas, já tem as cadeiras, né? Cativas ali dos empresários, dos donos dos ônibus da cidade, então eles votam, eles decidem o preço da passagem, eles lucram em cima disso, a população não tem voz e os representantes que estão lá são cativos do governo ou dos empresários, né? Então a gente quer muito que as decisões sejam revistas e pressionar nas ruas pra que isso aconteça, é o nosso passo inicial. Mas essa não vai ser nossa primeira ação, a gente pretende ingressar com uma ação no Ministério Público, né? Porque a gente entende que desde o processo de licitação está tudo errado e continua errado agora aumento da passagem sem estudo tarifário em Santarém”, pontua Damilly.
Santarém hoje tem uma das tarifas mais caras, comparado à capital Belém, tendo em vista que esse fato não se justifica levando em consideração a diferença de itinerário, a distância que as linhas percorrem e a quantidade de transportes que circulam insuficientes já que os ônibus em horas de alta movimentação ultrapassam o limite de passageiros permitido em um veículo, e os trabalhadores e estudantes e população em geral seguem em veículos super apertados. “A gente precisa conversar com a população para alertar de que existem fraudes nessa licitação, e que a gente precisa da população do lado dos estudantes. A gente está indo pra rua como estudante, mas a gente não quer representar só a classe estudantil, a gente quer representar toda a população”, afirma Damilly.
Estudantes usuários reivindicam linhas mais frequentes e veículos de qualidade, adaptados à realidade da cidade, pois a maioria dos veículos que circulam em Santarém vem sucateados de outros estados.
Em entrevista, Gabriel Silva, estudante universitário, compartilha conosco sua dificuldade com relação ao transporte público. “Hoje as empresas não oferecem regularidade no transporte, é uma demora imensa pra pegar o transporte público coletivo. Também não concordo por exemplo em subir a tarifa de ônibus, o serviço prestado pelas empresas é de péssima qualidade. O ônibus de péssima qualidade que não oferece condições para o usuário. E infelizmente o usuário usa hoje porque não tem outra alternativa pra chegar no seu local de trabalho, chegar na escola, chegar no serviço médico e chegar nas universidades. Então os usuários são obrigados a usarem essa esse serviço de má qualidade que é ofertado o transporte público em Santarém”.
Diante das reivindicações e lutas, o movimento estudantil e demais organizações permanecem com o ato nesta quarta-feira, dia 15 de janeiro às 17 horas na praça São Sebastião. O ato marca o repúdio das organizações e população ante as decisões tomadas pelo governo e que interferem diretamente na vida e na economia dos cidadãos santarenos que não são consultados nas tomadas de decisão sobre o que diretamente afeta suas vidas na cidade.