Quarta, 19 de Março de 2025
Educação Formação

Escola de Comunicação Popular do Oeste do Pará inicia aulas com turma de comunicadores populares e jornalistas da região

Comunicar como ato de resistência possibilitou a criação da primeira escola de comunicação popular do oeste do Pará, um projeto do Tapajós de Fato em parceria com a PROCCE/UFOPA.

14/02/2025 às 13h16
Por: Tapajós de Fato Fonte: Tapajós de Fato
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Foto: Tapajós de Fato
Foto: Tapajós de Fato

-Esta produção textual foi feita por Allan Hills, jornalista e integrante do Coletivo MAM, que está contibuindo através de bolsa na comunicação da Escola de Comunicação Popular do Oeste do Pará

No último dia 8 de fevereiro, ocorreu o primeiro encontro da Escola de Comunicação Popular do Oeste do Pará, sendo uma aula inaugural, que reuniu comunicadores populares e jornalistas da região no auditório NTB da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

A aula inaugural, que começou na manhã do sábado (8), teve apresentação da equipe responsável pela escola e do Tapajós de Fato, e início do primeiro módulo da Escola como tema Comunicação Popular, ministrado pela comunicadora popular do Tapajós de Fato, Conce Gomes, e que contou com a participação de Thiago Rocha, do Coletivo Maparajuba, que foi convidado para falar sobre a importância da comunicação nas lutas dos povos da Amazônia. O primeiro dia foi um espaço de reflexões teóricas, mas o destaque foi para os momentos de interação e prática dos alunos. Os participantes receberam kits personalizados, desfrutaram de um lanche e participaram de dinâmicas de grupo que estimularam o intercâmbio de experiências e saberes.

Modulo 1 sobre Comunicação Popular com participação escpecial de Thiago Rocha, do Coletivo de Advocacia Popular Maparajuba / Foto: Tapajós de Fato

João Paulo, gestor de projetos do Tapajós de Fato, destaca a importância do compartilhamento de informações da equipe com os alunos, levando em consideração os quase cinco anos de experiência em comunicação popular na região. “A gente tem uma turma formada com 40 alunos, e para nós é muito importante, que além de levar informações e experiências da equipe, é também ouvir as pessoas, ouvir os estudantes que estão nessa jornada na escola de comunicação popular. Tem pessoas que já estão há anos na comunicação e agora retornam no curso para mergulhar na comunicação popular, como uma forma de voltar para suas raízes, suas bases”.

Participantes da Escola de Comunicação Popular em dinâmica / Foto: Tapajós de Fato

Ainda segundo João Paulo participam do curso pessoas engajadas na luta social e também no movimento cultural, mas há aqueles que ainda não se engajaram com as pautas sociais mas que enxergam a comunicação como uma janela de oportunidades para se engajar e fortalecer ações como a educomunicação. “Pesquisadores se inscreveram na escola para fortalecer projetos de educação ambiental e educomunicação. A aula que iniciou neste dia 8 de fevereiro, é um marco para o Tapajós de Fato, pois ela representa o amadurecimento da nossa trajetória, ao ponto de está engajando agentes da sociedade para que sejam atores que possam causar transformações sociais a partir da atuação com comunicação popular. Essa comunicação que se preocupa com as pessoas, com os territórios e que busca sempre retratar com uma visão sensível às pautas. Nós não queremos que seja criado algo novo, queremos que sejam fortalecidas ações que já estão em curso”.

Participantes durante dinâmica falando sobre suas experiências na comunicação / Foto: Tapajós de Fato

A Escola de Comunicação Popular do Oeste do Pará é fruto de uma formação feita dentro da UFOPA sobre redes sociais, uma atividade realizada pelo PROCES, e foi percebido durante a atividade a necessidade das pessoas em entender a comunicação e como usar no dia a dia, nas suas lutas e nas suas organizações sociais como destaca Isabelle Maciel -  Cofundadora e editora chefe do Tapajós de Fato. “Esse ano de 2025 vamos completar 5 anos de existência e uma coisa que acho importante destacar é que este trabalho de formação em comunicação popular ele não é de agora. Desde o início da nossa trajetória, em 2021 a gente inicia esse trabalho de formação em comunicação popular nos territórios e comunidades, principalmente para a juventude indígena, quilombola, ribeirinhas e muitas outras. A gente faz esse trabalho de ir até os territórios falar de comunicação popular e das experiências do Tapajós de Fato, de podcast, redes sociais, textos e outros. Temos essa troca nesses anos, por isso sentimos que estamos capacitados e com amadurecimento para tocar a escola de comunicação popular”. Isabelle pontua que para além da formação, a escola será um espaço de troca de saberes.

 

Parte da equipe de comunicadores, jornalistas e gestoras do Tapajós de Fato / Foto: Tapajós de Fato

Para a realidade amazônica e com todos os seus desafios para ter acesso à informação, é fundamental que sejam apresentadas alternativas que protagonizam as vozes que vêm das águas e florestas. Neste sentido, a Escola de Comunicação Popular é uma iniciativa do Tapajós de Fato que se consolida através de uma parceria com a Pró-Reitoria da Cultura, Comunidade e Extensão da UFOPA (PROCCE). O curso de extensão selecionou 40 alunos a partir de um processo seletivo que disponibilizou 50% das vagas para pessoas de movimentos e organizações sociais da região, 10 vagas para pessoas da UFOPA ou que tenham vínculo com a instituição e mais 10 vagas para pessoas da comunidade externa da Ufopa e que não sejam de movimentos e organizações sociais. Serão 160 horas de curso, divididos em 7 módulos, com atividades presenciais e encontros virtuais para acompanhamento e tirar dúvidas.

Participantes da Escola de Comunicação Popular em dinâmica / Foto: Tapajós de Fato

Andressa de Jesus, integrante do Comitê em Defesa do Urumari e do Projeto Banzeiro do Saber, é uma das alunas selecionadas para participar da escola. Segundo ela, o primeiro dia de curso proporcionou muitas expectativas sobre o que ainda está por vir durante as aulas. “As expectativas são as melhores possíveis desse curso. Pensar em como trazer essa comunicação popular e fazer com que ela seja mais democrática. Que ela seja alcançada para mais lugares da nossa Amazônia”.

Dan Selassie, membro dos fazedores de cultura de Santarém, aluno do curso, compartilha sua felicidade em participar da escola de comunicação popular e compreender a importância de chegar em lugares e pessoas através da comunicação. “A gente sabe que por mais que temos internet e televisão, precisamos de maneiras mais simples e mais dinâmicas para alcançar outros públicos. Não só o público mais antenado, mas aqueles que estão distantes que são povão e popular de uma maneira mais simples. Participar desse curso vai ser importante porque vou ampliar minha forma de comunicação para também estar falando com pessoas mais popular”.

Participantes da Escola de Comunicação Popular em dinâmica / Foto: Tapajós de Fato

O primeiro dia marca o pontapé inicial de um processo inovador, que para além da formação de comunicadores, busca fortalecer a educação climática e a produção de conteúdos que pautem o protagonismo dos territórios e seus povos. Marcando o início de uma trajetória inovadora que, além de formar novos comunicadores, busca fortalecer a educação climática e a produção de conteúdos pautados na região. É sempre importante destacar que comunicar é um ato de resistência.

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