Circuito Tapajônico movimenta o cenário cultural em Santarém, no Pará

A proposta deste carnaval de 2025, em Santarém (PA),  teve em suma a valorização das tradições, fomentando a economia local, incentivando a inclusão e o pertencimento comunitário e oferecendo experiências de entretenimento e lazer de forma segura, sustentável e acessível. Pela primeira vez, os blocos tradicionais que desfilavam de forma independente nos bairros, entraram na programação oficial do carnaval santareno.

Após diversas reuniões e articulação com representantes de blocos de Santarém, incluindo Libes e blocos independentes e o Conselho Comunitário de Alter do Chão, a programação foi definida, de maneira expansiva e variada, alcançando para além da cidade, comunidades ribeirinhas. 

Foram 30 blocos em Santarém e 10 blocos em Alter do Chão que fizeram a festa de carnaval acontecer, transformando esse momento festivo em registros históricos no que diz respeito às mudanças que tem se percebido no movimento cultural em Santarém.

O Circuito Tapajônico de Carnaval teve seu início com a batalha de confetes no dia 23 de fevereiro, com encerramento em 4 de março, e contou com diversas apresentações culturais em toda a cidade. Um aspecto novo neste circuito cultural, foi a descentralização dos eventos, pois tanto em bairros da cidade quanto em comunidades da área ribeirinha, o evento foi realizado. A comunidade de Curuai foi onde também aconteceu os festejos do carnaval, parte da programação do Circuito Tapajônico de Carnaval.

O Circuito Tapajônico de Carnaval foi denominado assim como forma  de incluir diversas manifestações culturais que tradicionalmente acontecem nos bairros e comunidades durante o Carnaval.

Em entrevista ao Tapajós de Fato, Priscila Castro, artista santarena e atual Secretária de Cultura de Santarém, nos fala como se deu a construção para essa estrutura do Circuito Tapajônico de Carnaval juntamente com demais artistas e fazedores de cultura da região.

“ [...] eu fui presidente do Conselho de Cultura, e quando eu fui presidente do Conselho de Cultura, por exemplo, eu realizei, após dez anos que não se fazia a Conferência Municipal de Cultura, então ali já se debatia as dores dos nossos fazedores e da cultura santarena, né?[...] então quando eu chego e junto comigo chega também uma equipe que é também fazedora de cultura, que é também do Movimento Cultural e entende cultura com muita responsabilidade, essa ponte, essa construção se tornou mais leve né? Então, essa movimentação cultural nada mais é do que institucionalizar o que a gente fazia fora da secretaria sem eu ser secretária, agora sendo, a gente institucionaliza essa forma de fazer cultura mais aproximada do povo, mais aproximada da população, mais aproximada em especial de quem faz a cultura acontecer que é o trabalhador da cultura”.

Foram muitos os desafios para a realização desse evento cultural, pois pouco se pensava sobre política cultural, e o maior desafio desta gestão é institucionalizar a política cultural do município, fortalecer o sistema municipal, instituir o fundo municipal de cultura, fortalecer o conselho municipal de cultura e também o conselho de políticas de patrimônio, pois é uma prioridade a construção dessa política.

O Circuito Tapajônico de Carnaval também contou com campanhas de conscientização sobre o meio ambiente e contra o trabalho infantil, uma ação fundamental para conscientizar a população sobre os riscos e prejuízos do trabalho infantil, especialmente durante o período festivo.

Diante dos percalços culturais e de toda a possibilidade de transformação da cultura, é possível acompanhar e conhecer a história do carnaval santareno através da Exposição Memórias do Carnaval de Santarém, que resgata a tradição e a magia dos antigos carnavais, trazendo recordações que marcam gerações.

Toda a organização e programação realizada pelo Circuito Tapajônico de Carnaval através da Secretaria de Cultura, exprime um momento importante em que os fazedores de cultura tem uma representante na secretaria, traz esperança a partir dos conhecimentos de alguém que entende as lutas da classe cultural em Santarém. Onde as pessoas envolvidas à frente da secretaria, bem como aos fazedores de cultura parceiros, entendem a Cultura com um bem, um direito que as pessoas têm de acesso à democratização da cultura, como um direito básico. Entendem Cultura como um patrimônio, como identidade do povo santareno, dessa forma, a Secretaria traz em suas ações eventos, o foco no fortalecimento da identidade do povo santareno, para fortalecer as manifestações culturais da nossa região. Sendo assim, tem sido feito um processo de escuta a quem trabalha junto à produção cultural para que se mantenha viva e cada vez mais forte a cultura da cidade de Santarém.