Projeto “Pot-pourri da inclusão: Nossas canções com o corpo” promove acessibilidade à população surda da Amazônia

O projeto promove ainda um curso de Introdução à Libras, destinado aos trabalhadores e trabalhadoras do setor do audiovisual, com carga horária de 8 horas no próximo sábado, dia 05 de abril.

02/04/2025 às 16h27
Por: Tapajós de Fato Fonte: Ascom
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Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

Iniciado em março de 2024, o projeto "Pot-pourri da inclusão: Nossas canções com o corpo", aprovado no edital de audiovisual- diversas áreas pela Lei Paulo Gustavo, objetiva garantir o acesso à cultura musical regional pela população surda e promover o pertencimento à identidade do povo amazônida. Percebendo o desconhecimento do povo surdo sobre artefatos da cultura, como a música e as danças características da região, pela ausência de materiais acessíveis e que poderiam aproximar esta população da produção cultural aqui existente, é que pensou-se o projeto a fim de democratizar as produções musicais que retratam o cotidiano, as belezas e poesias amazônicas, que anteriormente se tornavam inexistente para este público.

Essa ação busca garantir a eliminação de barreiras comunicacionais e informativas, um passo indispensável para uma inclusão social efetiva.

O produto a ser entregue será um videoclipe de 6 min, com um pot-pourri de músicas santarenas, clássicas e contemporâneas que representam referências da cultura musical local. As canções Terra Querida, Poema de amor, Canção da Minha Saudade, Flor de Aguapé, Calundum da M’bóia e Fogo do Sairé serão interpretadas em língua de sinais, enfatizando aspectos da cultura surda que valorizem a poesia descrita na música e favoreça a sensibilidade provocada por elas.

Este projeto é importante por democratizar espaços em que a cultura surda possa se expressar e ser representada sem estigmas. que a língua de sinais não é a mera descrição da língua falada, por isso, interpretar as músicas regionais em Libras trará outra forma de experienciar essas músicas. O uso do corpo, da expressão das mãos dão uma outra dinâmica e outra forma de senti-las, assim, as pessoas surdas terão um material de acesso à cultura musical de Santarém, mas também o público ouvinte poderá experienciar de uma outra perspectiva tais músicas que representam a identidade do nosso povo.

Capa do projeto

 

O video-clipe é composto por um grupo de dançarinos surdos, guiados por um coreógrafo ouvinte, que compõem a estética visual da produção. Além disso, o projeto promove ainda um curso de Introdução à Libras, destinado aos trabalhadores e trabalhadoras do setor do audiovisual, com carga horária de 8 horas no próximo sábado, dia 05 de abril.

“O projeto nasceu do desejo de aproximar as pessoas surdas da cultura local, pois sempre percebi um pouco de estranhamento deste público em relação aos aspectos da cultura, da música, da poesia e todos os encantamentos que esses artefatos causam no povo que aqui pertencem. Então, quando essa produção cultural não está disponível para todos, as pessoas se tornam alheias. Assim os surdos se percebem, alheios ao local que eles cresceram, conviveram e se tornaram cidadãos. Portanto, ao promover essa acessibilidade, desperta o sentimento de pertencimento, e o lugar que antes era visto sem história, sem poesia, se torna um lugar de proximidade, de riquezas e o olhar toma outra forma, que os aproxima das maravilhas da região.”, destaca a proponente do projeto, Kellen Garcia.

Esse projeto é um marco para a comunidade surda por ter sido aprovado como o primeiro projeto pensado exclusivamente para este público, valorizando sua identidade e cultura, trazendo visibilidade para este povo e marcando seu lugar na cultura santarena.

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