Tecnobrega: o som das periferias de Belém que está ganhando o oeste do Pará e o Brasil

Em entrevista ao Tapajós de Fato, Gaby Amarantos, Dj Pedrita e Dj Zek Picoteiro falam sobre esse gênero musical genuinamente paraense.

23/05/2025 às 16h11
Por: Conce Gomes Fonte: Tapajós de Fato
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Foto reprodução da internet
Foto reprodução da internet

O tecnobrega é um ritmo genuinamente paraense, surgido em Belém, capital do Pará, em meados dos anos 2000. O ritmo caiu no gosto da população, especialmente nas periferias, onde ele surgiu com muita força, proporcionando não apenas diversão e lazer, mas também uma fonte de renda para as comunidades da região metropolitana de Belém. As festas de tecnobrega se transformaram em espaços de acesso às músicas e festas geralmente abertas ao público periférico que não tinha condições de frequentar eventos  privados. E para falar de tecnobrega é essencial olhar para o brega paraense, que foi o ritmo que o antecedeu no estado do Pará.

A imagem abaixo registra um momento  histórico do surgimento das festas de aparelhagem em Belém, entre as décadas de 1940 e 1950.  Naquela época, o sistema era formado por um projetor de som chamado de “boca de ferro”, conectado a um ou dois toca-discos.  A esse conjunto era dado o nome de “sonoro”. Só em 1970 os “sonoros” passaram a ser chamados de aparelhagem. Essas aparelhagens eram levadas a vários lugares abertos - os  os chamados “bregões” -  ou para  clubes sociais, como principal objetivo de  divulgar a música brega.

De acordo com o estudo “Tecnobrega: O Pará reinventando o negócio da música” dos pesquisadores Ronaldo Lemos e Oona Castro: “O tecnobrega nasceu da fusão da música eletrônica com o brega tradicional. Esse novo estilo musical foi criado longe das gravadoras – nacionais e locais, grandes ou pequenas – e dos meios de comunicação de massa – em especial, rádio e televisão. O tecnobrega se expandiu, de maneira independente, da periferia para toda a região metropolitana de Belém, da cidade para o estado do Pará e do estado para o Brasil. Hoje em dia, o estilo já é conhecido internacionalmente: rendeu reportagem no The New York Times e menção no documentário “Good Copy Bad Copy”, de Andreas Johnsen, Ralf Christensen e Henrik Moltke” .

Foto: reprodução da internet- primeiras aparelhagens chamadas de “sonoros” 

O Brega

O Brega é um gênero musical brasileiro do Norte e Nordeste do país. No Pará, o ritmo se consolidou a partir da tentativa de reproduzir, na década de 70, o estilo da Jovem Guarda, que fazia sucesso em outras regiões do Brasil. Um exemplo do que para outras regiões é Jovem Guarda, mas aqui no Pará é o brega, é a música “Ao pôr do sol” de Teddy Max - um dos bregas mais conhecidos no estado do Pará. A batida da bateria nessa faixa remete a estrutura rítmica que define a origem do brega paraense. Essa base, anos depois, dá origem ao tecnobrega. 

Outro exemplo é “A Dança do Brega”, de Kim Marques, uma das peças fundamentais do gênero. A música traz a batida do brega romântico, com elementos de guitarra e percussão que lembram muito a guitarrada e a lambada. Entre os anos 80 e 90, a lambada  predominava no Pará, sendo também uma outra raiz da sonoridade amazônica que vem do merengue, um estilo do Caribe. 

É a partir de todas essas influências e misturas - lambada, percussão e  instrumentos de sopro - que se forma a identidade única do que conhecemos como brega paraense.

                                                  

 Foto: Maurício Costa, março de 2003                                   

Desde as primeiras estruturas, as aparelhagens já demonstravam grande inserção da tecnologia que causavam reverberação social e impacto cultural. A imagem abaixo nos mostra a dimensão de uma aparelhagem com grande quantidade de codificadores, equalizadores, ampliadores, potencializadores e diversos dispositivos de mixagem sonora e musical. Sua disposição gráfica e sua estética evidenciam o objeto complexo, feito para ser observado e admirado. Os técnicos responsáveis pelo controle do som ficavam de costas para o público, sem ter a visão das pessoas. Havia nomes de acordo com cada função no manuseio das aparelhagens. O controlista, que hoje é chamado DJ, e os carregadores dos equipamentos das aparelhagens.

No início da década de 1990, o mercado teve uma queda significativa na venda dos discos, o que impactou diretamente a quantidade de artistas no cenário musical. Nesse período, o Brega perdeu espaço para outros estilos musicais, como o Axé ganhou popularidade nacional e chegou no Pará, afastando o estilo musical local do Brega por um longo tempo.

A escassez resultado desse cenário tornou difícil a manutenção das bandas existentes, já que era muito caro manter uma banda completa, com todos os instrumentos e músicos tocando nos palcos. Diante da falta de recursos financeiros, no entanto, a criatividade dos artistas explodiu. Eles começaram a criar novas sonoridades e propostas musicais.  

Foi ainda na década de 1990 que o Brega agregou novos estilos, dando origem a novos gêneros musicais como o bregacalypso, tecnobrega, cybertecnobrega e bregamelody. No entanto, o tecnobrega como conhecemos hoje surgiu entre os anos 2000 e 2003.

Na década de 90, gravar um disco com uma banda completa era muito caro. Foi nesse  momento que entrou na história Antônio Luís do Carmo Conceição, mais conhecido como Tonny Brasil. Ele foi um compositor, produtor cultural, cantor e multi-instrumentista, considerado o criador do tecnobrega.

Em uma viagem ao Suriname, Tonny Brasil participou de um festival de “Zouk”, e lá viu pela primeira vez uma “banda eletrônica”, em que os músicos sintetizavam os ritmos todos no teclado. Foi então que Tonny Brasil disse: poxa, porque não fazer isso com nossa música? Por que não fazer essa conversão do nosso brega pra esse brega eletrônico? Eu vou tentar.

Foto: Redes sociais, primeiro estúdio de Tonny Brasil, em 1994

Ao retornar para Belém, Tonny Brasil - que trabalhava no estúdio M Produções, de Mauro Freitas - começou a testar e fazer seus experimentos musicais. Nessas tentativas, conseguiu criar uma nova configuração e fazer um mapeamento Midi de um teclado para uma bateria, chamada DM5 e DM4. A partir dessa configuração, ele percebeu que seria possível configurar incorporar outros instrumentos, como o contrabaixo, e daí veio a música “Lana” - um dos primeiros sucessos de suas composições.

De acordo com Tonny Brasil, os primeiros discos verdadeiramente eletrônicos gravados no estilo tecnobrega foram de Anna de Oliveira e Nelsinho Rodrigues. 

Transição do brega para o tecnobrega

A transição do brega para o tecnobrega representa uma mudança no estilo musical e dançante, quando elementos mais tecnológicos e inovadores são incorporados ao gênero, daí o nome tecnobrega. Esse novo estilo ganha força com as festas de aparelhagem que têm no elemento tecnológico um fator central. 

Com o avanço das tecnologias digitais, o tecnobrega se desenvolveu em conjunto com aparelhagens que passam a incorporar luzes de led, pirotecnia e sons de alta amplificação e qualidade.

Assim, o tecnobrega explode trazendo novas versões de músicas já conhecidas do público. A fusão com estilos como o funk, sertanejo, pop, forró e até músicas internacionais traz novos arranjos musicais em canções dançantes que conquistaram o público, aliadas às aparelhagens tecnológicas. Unindo o tradicional brega com a tecnologia, o tecnobrega propõe uma revolução cultural do Pará, trazendo para o cenário o novo pop paraense do século XXI. 

Tecnobrega na atualidade

No cenário do Tecnobrega em Belém, Gaby Amarantos é uma artista que tem se destacado, chegando a alcançar projeção nacional ao levar a cultura do tecnobrega para um grande público brasileiro. 

No início de sua carreira, Gaby ficou conhecida por cantar diversas músicas internacionais famosas em versão tecnobregas. Em entrevista ao Tapajós de Fato, a cantora -  nascida no bairro do Jurunas, periferia de Belém - compartilhou a importância de conquistar esse espaço nacional e levar a cultura paraense para outros estados brasileiros. “É muito importante a gente conquistar esse espaço com os nossos ritmos: tecnobrega, tecnomelody, carimbó, beach melody. E mais importante ainda porque a gente já luta por esse movimento, vive esse movimento, há tantos anos e ver ele ganhando o Brasil cada vez mais, com ciclos cada vez mais fortes, é de dar muita alegria. Eu desde 2002 trabalho com o Tecnobrega. Em 2003 foi a primeira vez que eu fui no Faustão com a Tecnoshow e hoje, com o Grammy e com tudo que vem acontecendo, é motivo de muito orgulho e de reconhecimento. E essa palavra é muito importante”

Foto: Papo Waisman

Com mais de 20 anos de carreira, Gaby Amarantos comentou também sobre a alegria e felicidade que sente ao chegar em outros estados e ver as pessoas demonstrando real interesse em conhecer a cultura. Ela destaca, ainda, o reconhecimento do movimento musical que, embora tenha alcançado a audiência nacional agora, tem uma trajetória de  muitos anos de luta e dedicação.

“Então, as pessoas acham que um movimento musical se consolida assim de uma hora pra outra. Mas são necessários anos de trabalho e de inserção desses estilos na cultura do povo brasileiro. É uma das coisas que mais me deixa realizada: ver as pessoas cantando as nossas músicas, reconhecendo todo o trabalho que a gente já faz há tanto tempo, assistindo os clipes, sabe?... Nós ainda temos muito pra crescer enquanto movimento cultural da Amazônia”. 

O tecnobrega no oeste do Pará

Mesmo tendo nascido em Belém, atualmente o brega e o tecnobrega são os dois estilos mais tocados nas festas de aparelhagem do Pará e, aos poucos, o ritmo conquistou todo o estado paraense, além de se espalhar pelo Brasil.

No Oeste do Pará não é diferente, a cultura musical do tecnobrega tem ganhado cada vez mais espaços, especialmente em festas nas periferias, boates, comunidades e cidades do interior. Alguns artistas têm se destacado neste cenário musical na região, como o Zek Picoteiro e DJ Pedrita, que vem ganhando destaque na região do Tapajós.

Zek Picoteiro, em entrevista ao Tapajós de Fato, compartilhou sua história e paixão como DJ de tecnobrega. Curador, pesquisador e produtor musical, Zek é apaixonado pela cultura ribeirinha e atua há quase dez anos na cena musical paraense, com foco em fortalecer a música local. Como pesquisador, desenvolve estudos em tecnobrega, cumbia, lambada, merengue, carimbó entre outros gêneros amazônicos. 

Ele começou a discotecar como DJ nas noites de Belém em 2015, tocando em festas como a Lambateria, onde tocava somente gêneros musicais amazônicos e tudo o que fazia o público dançar nas noites paraenses. Nesse momento, Zek iniciou um mergulho no universo das aparelhagens, de DJ’s e nos processos de trocas de cartões de memórias, pendrives e HD’s de músicas. 

Esse aspecto de compartilhamento e distribuição diz muito sobre a cultura do gênero. O tecnobrega se popularizou na época do MP3, do download livre, da distribuição em massa de arquivos pela internet, com o copia e cola de músicas em pen drive, de cartão de memória, CD’s. O maior obstáculo, como destaca Zek Picoteiro, é catalogar essas músicas. 

A catalogação desse acervo é principalmente digital, pois, fisicamente, dificilmente se encontram arquivos e registros sobre o tecnobrega. Isso representa um grande desafio para manter preservada a memória material dessa cultura.

“No Tecnobrega, especialmente, é ainda muito complexo porque a forma como o gênero surge, a forma como ele se expande, é feito diretamente pelas pessoas. Na periferia, dentro do seu quarto, da sua casa, montando home studios caseiros mesmo. Isoo possibilitou diversas experimentações, que aí é quando muitos subgêneros foram criados dentro do universo de tecnobrega . Então é um desafio que eu tenho pra entender e catalogar dentro desse meu acervo: o que é tecnobrega, o tecnomelody, o eletro melody, o tecno funk, o brega rave, enfim, tem diversas nuances.”

   Foto: Vitória Leona

Atualmente, Zek mora em Alter do Chão, em Santarém, onde continua desenvolvendo suas pesquisas, experimentações e contribuindo com o crescimento do gênero na região. “Estou muito feliz de fazer parte dessa cena aqui, de contribuir de alguma forma pra que mais pessoas curtam tecnobrega porque aqui, de fato, tem muita gente que gosta que consome essa cultura do tecnobrega, mas faltam festas, faltam mais pessoas tocando. Acredito muito que é uma vertente que ainda vai dar o que falar aqui na região oeste do Pará”, declara Zek

Aqui em Santarém, região do Oeste do Pará, a cultura do tecnobrega não é tão presente quando comparada a Belém, sendo limitada a alguns lugares pontuais onde se escuta o gênero. Desde os anos 2000, o brega pop, como o da Banda Calypso, é o mais comum nesta região. No entanto, uma figura que tem se destacado e feito uma movimentação na cena do tecnobrega e de aparelhagem na região é a DJ Pedrita. Aos poucos, ela vem se tornando referência e ocupando os espaços de festas, tanto nas periferias da cidade de Santarém quanto nos interiores, onde as festas nas comunidades são tradicionais. 

Com uma forte identidade ligada às aparelhagens, DJ Pedrita incorpora em suas performances elementos característicos de DJs de aparelhagens, o que traz riqueza e autenticidade à sua identidade artística.

DJ Pedrita, é o nome artístico de Bruna Vilhena, considerada a primeira DJ mulher de aparelhagem tecnobrega do Oeste do Pará e ve, construindo sua carreira na cena local. Para entender sua trajetória no tecnobrega em Santarém, é necessário conhecer um pouco de sua história. 

Nascida em Ananindeua, região metropolitana de Belém, Bruna vive em Santarém há dez anos. Desde a infância, ela discotecava em casa para seus amigos, influenciada por e sua seu pai, Marcos Pedro, também DJ, conhecido como DJ Max Mix, que sempre a incentivou a arte da discotecagem.

Em 2015, Pedrita se mudou para Santarém para cursar Engenharia Ambiental e Sanitária, porém, não concluiu o curso. Foi durante esse período que ela conheceu Alter do Chão e se apaixonou à primeira vista, conheceu artistas locais e passou a se apresentar com outro nome artístico, “Bruxinha Roots”.

Após se apresentar em diversos eventos, sentiu a necessidade de recompor seu nome e identidade artística. Retomando suas raízes no tecnobrega surgiu a DJ Pedrita. 

 Foto: Bárbara Vale

Ao chegar em Santarém, DJ Pedrita sentiu falta de ouvir músicas de aparelhagem, algo que eram comum em Belém. Para ela, a diferença pode ser explicada pela “calmaria do rio” e um vivência diferente da capital paraense.  

“Sentia muita falta, e eu via muito Marilia Mendonça, Maiara e Maraisa ,Simone e Simaria aqui em Santarém. Eu não escutava mais tecnobrega, nem brega[…] porque não tinha, ou, se tinha, a gente não via sempre como a gente via, por exemplo, em Belém. Em todos os lugares, a todo tempo, onipresente, o tecnobrega e a aparelhagem estão lá e era uma que eu não via aqui. E é por isso também que eu escolhi tocar tecnobrega porque eu comecei a sentir muita falta. E a partir do momento que eu comecei a tocar, as pessoas foram se reconectando, sabe? Com a sua vivência, da infância. E foi aí que a gente foi fazer esse resgate, dessa valorização do brega e do tecnobrega aqui.”

As primeiras apresentações de DJ Pedrita com o tecnobrega foi por meio de viagens pelas comunidades ribeirinhas e aldeias, participando de festivais folclóricos no Arapiuns, em parceria com o Conselho Indígena Tapajós Arapiuns. Ela também participou de festivais em Juruti, festivais indígenas e já circulou por toda a região onde residem os quatorze povos indígenas do Baixo Tapajós, levando a cultura tecnobrega.

Embora seja comum o “som de beiradão” - como se chama o estilo musical tocado nas festas nas beiras dos rios - em comunidades , dentro da cidade de Santarém  não se ouvia tanto o brega ou o tecnobrega. Um dos motivos desse distanciamento pode ser explicado pela chegada de pessoas de outros estados, como de Mato Grosso, Cuiabá e Goiás, que trouxeram outros costumes musicais e ocuparam as festas urbanas noturnas. Isso levou muitas pessoas a se distanciar de suas raízes, deixando o brega de lado, como reflete Pedrita, que sente orgulho da retomada cultural que algumas pessoas têm feito.

“A gente acabou esquecendo o que a gente era. E eu venho trazendo aí todo esse resgate, essa valorização do brega e do tecnobrega. E é muito bom quando as pessoas chegam comigo e falam ‘égua eu lembrava dessa música quando eu era criancinha lá no sítio do vovô do titio dançando’. Desde que eu comecei a discotecar como DJ Pedrita, eu venho escutando, e eu escuto muito até hoje, as pessoas me mandam vídeos dizendo: “Pedrita eu comecei a escutar brega por causa de ti” porque muita gente não gostava de brega”.

Aos poucos DJ Pedrita foi ocupando outros espaços, como “boates chiques”, como se referiu, e foi quando, ao tocar o estilo TecnoBrega foi rejeitada, com a justificativa de que ali não se tocava aquelas músicas, o Brega não ocupava aqueles espaços, e por vezes, era como estar em outra cidade ou estado onde não se escutava música paraense. Em outro momento, ao tocar Brega, Calypso, TecnoBrega, DJ Pedrita foi expulsa da boate com a justificativa que ela não tocaria aquelas músicas ali, e foi desrespeitada quanto à remuneração de seu trabalho.

Havia pouca  representatividade feminina nesses espaços, não se via DJ’s mulheres, e os que haviam, era de música eletrônica ou de Funk. Assim, DJ Pedrita chega construindo esse resgate da cultura de aparelhagem com o TecnoBrega.

“...eu digo que eu sou a primeira, mesmo que eu não seja de fato, de Santarém, porque além da gente tá tendo esse, resgate aí musical, da valorização tecnobrega, difundindo a cultura de aparelhagem, uma coisa que também é do santareno, que também é daqui do oeste, quando cheguei eu não tinha referências então a partir do momento que a Pedrita nasceu eh vieram mulheres através de mim se conectar, e tipo, eu sou DJ também, olha eu adoro o ritmo que tu toca eu adoro o que tu fala né? Porque a discotecagem do DJ de aparelhagem é totalmente diferente dum DJ de música eletrônica A gente fala, a gente interage, a gente precisa muito do público…”

O diferencial do TecnoBrega é a interação com o público, as sonoras com seus grandes paredões, grandes tecnologias e seus amuletos, trazendo neste último ítem, as crendices Amazônicas, a crença nos Encantados, e cada DJ de aparelhagem traz seu animal como símbolo, que configura na característica particular de cada DJ que é identificado a partir de seu símbolo próprio e onde se constrói essa marca também com um movimento com as mãos criada pelo DJ e o público repete o movimento. As BPM’s- Batidas por Minuto-  também se diferenciam dos outros ritmos. No estilo de DJ, Pedrita se enquadra no “Show Woman”, que é a DJ conhecida por sua performance durante o show de aparelhagem, é um show visual de apreciação da performance, onde ela também incluiu um corpo de dançarinos durante as performances.

Com a conquista dos espaços e essa trajetória de luta, resistência e muita arte na cultura TecnoBrega, DJ Pedrita conseguiu ser contemplada com recursos da Lei Paulo Gustavo e realizou seu primeiro clipe trazendo em sua nave “Sapona do Caranazal” como amuleto , monumento localizado na praça central da comunidade, depois de investigar a existência daquele sapo no meio da praça, compreendeu a ancestralidade do lugar, a história e inseriu em sua nave e estrutura de aparelhagem. É com essa história do Erixim, o sapo encantado, o sapo guardião da Floresta Encantada do Caranazal, onde ouviu a história contada pelo Mestre Chuíca, seu Luíz Alberto que é co- fundador do Boto Tucuxi, que o TecnoBrega aqui na região Oeste do Pará se fortalece.

“Então trazendo toda essa história eu pensei, por que não trazer uma uma Sapa Guardiã, né? Na versão feminina, trazendo todo o empoderamento feminino pro enredo do amuleto. E eu pensei na Sapona do Caranazal e aí surgiu a minha grande nave, a primeira nave, né? É de uma mulher, e é a primeira sim, porque a gente vê mulheres por trás, né? Lá em Belém a gente vê mulheres donas de aparelhagem, mas não vê mulheres donas de aparelhagem, na frente da aparelhagem, né? Eu estou aí, furando essa bolha, sendo dona e estando na frente, né? Como DJ e como mulher e trazendo todo  o ressignificado da mulher guardiã com a Sapona do Caranazal e claro que é abençoada pelo pela história do Erixim.”

Dessa maneira o TecnoBrega vem ganhando espaço e com sua história em construção se mostra presente nas noites paraenses e alegrando as festas do povo do Oeste do Pará e conquistando o Brasil.

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