De 16 a 26 de junho, mais de 5 mil pessoas de diferentes partes do mundo se reúnem na cidade de Bonn, na Alemanha, no Centro Mundial de Conferências (WCCB), para acompanhar a Conferência Climática de Bonn, também conhecida como SB62. O evento é o espaço para negociações técnicas que definirão os caminhos das discussões climáticas na COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém. O Tapajós de Fato está em Bonn acompanhando as agendas oficiais e da sociedade civil.
Para que a COP30 tenha resultados positivos, é essencial que a SB62 avance em metas ambiciosas. Caroline Rocha, diretora de Políticas Públicas e Engajamento da LA CLIMA, fundadora da Rede Amazônida Pelo Clima (RAC) e professora da UNISANTOS, destaca: "A expectativa é que haja avanços significativos no GST (Balanced Global Stocktake) e no GGA (Objetivos Globais de Adaptação). Esses itens são prioritários para a COP30."
Entretanto, atrasos nas agendas preocupam. Segundo Rocha, a demora ocorreu devido a itens novos sobre financiamento e meios de implementação: "Esses temas não foram bem aceitos por todas as Partes (países) que já estavam posicionadas". Superados os impasses, a expectativa agora é de progressos importantes.
Apesar de ser uma conferência menor, a SB62 tem importância equivalente às COPs. Os dois eventos estão interligados e devem ser vistos como etapas de um mesmo processo, em que cada encontro representa um marco para avançar em metas climáticas mais ambiciosas, alinhadas às necessidades das pessoas e dos territórios.
Mariana Guimarães, assessora política internacional do Comitê COP30 - coalizão com cerca de cem organizações da América Latina que atuam na incidência climática - explica o papel da sociedade civil: "Para quem quer influenciar as negociações técnicas, onde se discutem políticas, métricas e termos, esse é um processo contínuo."
Segundo ela, há diversas formas de participação, desde a submissão de documentos com recomendações até o diálogo direto com negociadores dos países: "Fazendo articulações, conversando com atores-chave e diplomatas, podemos sugerir caminhos que consideramos mais relevantes para as agendas."
Guimarães destaca os temas prioritários acompanhados pela coalizão Comitê COP30: "Temos um Grupo de Trabalho focado em Adaptação, Transição Justa e Sistemas Alimentares. Elaboramos uma carta de recomendações para compartilhar com sociedade civil e governos, com o objetivo de construir consensos e reduzir desigualdades, rumo a uma sociedade mais justa."