No bairro Santo André, a rua Minas Gerais, perímetro entre a rua Inconfidência e a José do Patrocínio, o que corresponde a dois quarteirões, está totalmente abandonada, sem nenhuma condição de trafegabilidade.
O senhor Ito José da Silva, aposentado de 71 anos e morador do bairro há mais de vinte anos, sendo quinze na rua Minas Gerais, conta que já faz muitos anos que a rua não recebe nenhuma assistência do governo municipal. Um total descaso com os moradores, “a gente vive sem ter para quem apelar”.
O morador conta que a última vez que a rua recebeu a assistência foi quando a empresa responsável pelo abastecimento de água instalou algumas tubulações, “aí deram uma aplainada para ficar melhor”, mas que equipe da Secretaria de Infraestrutura mesmo nunca realizou nenhuma atividade de revitalização.
Carros não passam no trecho citado anteriormente, consequentemente, a insegurança aumenta, pois a polícia não consegue adentrar, bem como ambulâncias. Segundo informações colhidas pela equipe do Tapajós de Fato no local, quando alguma pessoa da rua ou adjacências precisa de socorro médico, tem que se deslocar até a rua Baturité, que é até onde os carros conseguem chegar. “Mas por aqui não passa nada, não é nem rua, é um caminho” disse seu Ito, referindo-se ao estreito caminho entre postes e muros por onde pedestres dividem espaço com ciclistas e motociclistas.
Segundo os moradores, os únicos serviços que funcionam são o de energia e a coleta do lixo doméstico, no entanto, com o total abandono da rua e o mato tomando de conta, tornando-se um local propício para animais peçonhentos e roedores que transmitem doenças para humanos, isso porque a rua está se tornando local de descarte de lixo. Garrafas, sacolas, latas e até vasos sanitários compõem a paisagem da rua Minas Gerais. "O prefeito prometeu muita coisa para nós. Que era pelos bairros que ele ia trabalhar porque os outros governos só faziam na frente da cidade e que o trabalho dele era diferente. Eu não esqueci disso”, ressaltou seu Ito José.
Segundo o morador entrevistado, o prefeito conhece muito bem a região. Ele conta o seguinte: “ele passava aqui, eu acho que de olhos fechados porque jogava bola num campinho society bem aqui, passou várias vezes aqui. Agora não passa, mas eu acho que é porque a rua não está mais em condição, se ele vem é por ali [referindo-se a outra rua que passa próximo de sua casa]”
No período da campanha para as eleições de 2020, o vereador Júnior Tapajós (PR) visitou a rua, foi a primeira vez que um vereador visitou a rua, porém, até agora nada fez para mudar a situação da rua Minas Gerais.
Ressalta-se que os moradores pagam o IPTU, mas muitos, inclusive o morador decidiu não pagar mais. “Eu vejo falar que esse imposto é para isso, manutenção de ruas, e alguma coisa que precisar, mas aqui não tem”, disse o morador que se sente como invisível aos olhos do poder público.
As únicas ruas do bairro que receberam uma mínima melhoria foram as ruas por onde passa a linha do transporte coletivo. Um outro problema é a chuva. Por não ter nenhum sistema de drenagem, quando chove, as ruas ficam totalmente alagadas, sair de casa fica quase impossível. Segundo o morador Adilson Leitão, “a água invade os quintais, tive de fazer um empréstimo para mandar construir um muro na minha casa para a água não entrar”.
Em contrapartida ao abandono das ruas de Santarém, principalmente dos bairros onde a maioria das pessoas são pobres, o prefeito está muito atento às praias de Santarém. Depois de construir uma passarela de concreto sobre a praia do Maracanã, mudando totalmente a paisagem do local, o prefeito apresenta mais um projeto que, ao contrário da ideia que é vendida, só tende a destruir as belezas naturais do tapajós.
O alvo agora é a praia Ponta de Pedras, um dos destinos turísticos mais visitados de Santarém, a praia de Ponta de Pedras localiza-se à margem direita do Rio Tapajós, a 35 km de Santarém. Há diversas barraquinhas onde se vendem pratos típicos, e a paisagem conta com rochas negras que aparecem quando o nível das águas desce, no verão amazônico. A licitação para execução do projeto, orçado em mais de 2 milhões de reais, já foi aberta.
Entretanto, após denúncias ao Ministério Público do Pará, feita por movimentos sociais, o MP A 13ª Promotoria de Justiça de Santarém expediu recomendação nesta sexta-feira, 15 de outubro, para que o Município e as secretarias de Meio Ambiente e de Infraestrutura suspendam ou se abstenham de emitir qualquer autorização/licença para a instalação do Complexo Turístico da Vila de Ponta de Pedras, até que seja realizada a consulta prévia das 19 comunidades tradicionais localizadas na região Eixo Forte, que sofrerão os impactos diretos e indiretos do empreendimento. Vale ressaltar ainda que a comunidade Ponta de Pedras está dentro da Área de Proteção Ambiental Alter do Chão (APA Alter do Chão).
Seria muito mais interessante ter um gestor que se preocupasse com o bem-estar de todos, que buscasse atender as necessidades do povo pobre, com a periferia, com a falta de assistência médica nas UBS, nos postos de saúde do interior do município, com a fome, com a educação do povo santareno, ao invés de apresentar projetos que geram destruição do ambiente natural e que, deixa de ser acessível a todas as classes.
Quer melhorar o turismo em Santarém? Melhora o acesso às praias e igarapés, cria programas de assistência e de crédito para quem vive do turismo. Levantar colunas e cobrir a areia das praias com concreto não vai solucionar os problemas enfrentados diariamente pelos santarenos e santarenas.
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