O rio Tapajós passa por um momento crítico, devido à mudança que está ocorrendo na cor de suas águas que estão cada dia mais barrentas. Ainda nos primeiros dias de janeiro, a partir de fotos e vídeos começaram a circular pelas redes sociais mostrando a coloração leitosa que vinha tomando conta das águas do rio. O tapajós de Fato noticiou esta questão, você pode conferir clicando aqui(colocar link da outra matéria).
A situação preocupante do rio ganhou o mundo, veículos de comunicação internacionais destacam a situação e o risco que isso representa para quem depende do rio para sobreviver, seja nas cidades ou territórios tradicionais e territórios indígenas, principais afetados pelos problemas que afetam o rio.
O Tapajós de Fato conversou com Caetano Scannavino, coordenador do Projeto Saúde e Alegria, organização que desenvolve atividades de há anos, atividades e projetos de assistência aos povos da região do Baixo Amazonas, ele fala sobre o problema, “é preocupante a situação das águas do Tapajós, na região do Baixo Tapajós, Alter do Chão, Santarém, pela turbidez excessiva, muito acima da média do que a gente vem acompanhando”- comenta Scarnnavino.
Uma das especulações para o que vem acontecendo no rio são as intensas atividades de garimpo que ocorrem nas regiões do Médio e Alto Tapajós “quanto estão mexendo ali no fundo do rio, ao ponto de trazer lama até trazer lama até o Baixo Tapajós?” questiona Caetano.
O coordenador do PSA fala que é importante “ identificar o problema, e é excesso de chuva, se é alguma outra coisa das mudanças climáticas”. Caetano fala ainda que é importante observar a situação das águas do Tapajós “em relação aos impactos na saúde das populações aqui da região, os impactos econômicos”.
A região de Santarém e Belterra configuram um polo de turismo, que contribui significativamente para a economia da região. O turismo já está sendo afetado, Francineide Suely, que tem um restaurante na praia do Aramanaí, em Belterra, oeste do Pará, conta que já percebe “que os fluxos no final de semana tem diminuído bastante, como neste último, por exemplo”.
Carlo Alves, militante do Movimento Tapajós Vivo (MTV), também falou ao tapajós de Fato sobre a situação do rio Tapajós. Segundo Carlos, “é uma problemática que vem acontecendo há décadas”, Carlos conta também, que o MTV vem sempre denunciando “essas que degradam o meio ambiente e principalmente o rio Tapajós”.
As atividades que mexem os barrancos nos igarapé e rio menores que desaguam no Tapajós é o maior problema que tem ocasionado esses problemas, mas ele comenta que há outras questões que também pioram ainda mais a situação, “portos graneleiro na região de Itaituba, o agronegócio e os esgotos das cidades, são várias situações", comenta Carlos Alves.
Carlos considera que as “atividades humanas estão matando o rio Tapajós aos poucos”. Ele chama atenção para a inércia dos governantes, que até o momento não tomam nenhuma iniciativa sobre o problema, mesmo tomando repercussão internacional. “A gente vê os órgão todos silenciados, governo do estado, governo federal, principalmente, por ser um dos que mais incentiva o garimpo em terras indígenas e em área de preservação ambiental”. Disse Carlos Alves.
O Movimento Tapajós Vivo pretende acionar o Ministério Público do Pará (MPPA) para que haja alguma movimentação da parte dos governos em relação a toda a degradação que atinge o rio Tapajós.
Dados científicos
Uma nota técnica produzida a partir de um estudo realizado pela Fiocruz e o WWF Brasil, apresenta dados sobre o impacto do mercúrio na vida dos indígenas Munduruku na Bacia do Tapajós. O estudo avaliou os impactos da contaminação por mercúrio em habitantes da Terra Indígena (TI) Sawré Muybu, situada no médio rio Tapajós, nos municípios de Itaituba e Trairão, no Pará.
O estudo mostra que todas as pessoas que participaram da pesquisa, entre adultos e crianças, estão com altos níveis de mercúrio no organismo, devido ao uso descontrolado nas áreas de garimpo do Tapajós. Apresenta também que além de remexer o barro do leito dos rios, que alteram de forma drástica a cor das águas, o garimpo tem contaminado também a principal fonte de proteína na região, o pescado, colocando os povos do Tapajós em insegurança alimentar. casos de desnutrição em crianças foram apresentados no estudo também.
Um rio que mudou de cor
O Brasil produziu também uma série de podcast para falar sobre garimpo no rio Tapajós. A série com oito episódios apresenta o histórico, a violência, a degradação ambiental e todo o sistema que facilita cada dia mais a destruição do Tapajós.