Carnaval: A privatização da festa mais popular do Brasil

Enquanto grandes empresas lucram com a realização do carnaval privado, blocos de ruas e vendedores ambulantes são deixados de lado.

28/02/2022 às 15h11 Atualizada em 28/02/2022 às 15h17
Por: Tapajós de Fato
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Desde o início da pandemia o carnaval foi cancelado para evitar a disseminação do coronavírus, medida acertada pelas autoridades responsáveis, uma vez que a aglomeração e a falta de medidas de segurança sanitária não seriam possíveis de serem realizadas.

 

Entretanto, somente o carnaval de rua foi proibido em 2022, enquanto as festas privadas estão a todo vapor, se o intuito era frear as aglomerações, porque todas as festas nesta data não foram proibidas?

 

O carnaval é a festa mais popular do Brasil, por anos, arrasta milhões de brasileiros e turistas do mundo todo e fortalece a economia que movimenta bilhões por ano no País. Porém, ainda é alvo de muito preconceito por parte dos conservadores e da burguesia do Brasil, que fazem a leitura do carnaval como uma festa profana e “popular” (e tudo que a burguesia brasileira rejeita é festa feita para e pelo povo)

 

Diante disso, a análise que se tem feito é que apenas o “carnaval de rua” foi proibido, e as medidas sanitárias não foram o principal motivo do seu cancelamento, uma vez que existe permissibilidade para locais fechados e pagos funcionarem com aglomerações e sem medidas de segurança sanitária.

 

Mesmo com todas as restrições ainda impostas pela pandemia, o aumento do número de vacinados e a queda nos índices de casos, temos um cenário diferente do que foi o carnaval em 2021, e diante disso, era esperado que pelo menos de forma parcialmente controlada os blocos pudessem fazer suas arrecadações, já que vivem apenas dessa festividade para se manter, sem contar os trabalhadores ambulantes que necessitam desse evento para ter aumento na sua renda. 

 

Nota-se que essa medida de cancelamento do carnaval é uma forma de acentuar as desigualdades, uma vez que, as pessoas que tiverem dinheiro conseguirão participar de algum mega evento, produzido por grandes empresas que lucram em cima de festas populares, e desta forma o carnaval deste ano tornou-se apenas um produto mercantilizado.

 

Apesar das discussões a respeito da realização do carnaval de rua ou privado, é preciso conscientizar a população  de que ainda estamos em uma pandemia, e mesmo em um cenário mais otimista, as medidas impostas a um grupo para realização de um evento dessa amplitude, deveria refletir para os outros e não deve reforçar privilégios estruturais. 

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