Na Amazônia, as áreas de lavra da bauxita em Oriximiná e Juruti, no Pará (áreas exploradas pela MRN e Alcoa respectivamente) encontram-se em áreas de floresta ainda preservadas, onde não há uma densa ocupação populacional como nas grandes cidades, mas apresentam uma intensa relação dos biomas preservados com os moradores locais.
Embora as empresas tenham iniciativas de conservação e restauração do meio ambiente e as ações de apoio às comunidades na região, como a Mineração Rio do Norte (MRN) tem na região de Oriximiná com os investimentos contínuos em inovação e tecnologia, usadas na recuperação das áreas mineradas na Floresta Nacional (Flona) Saracá-Taquera.
Ao mesmo tempo, a expansão das atividades da Mineradora implica na produção de mais rejeitos que são armazenados em barragens, estruturas consideradas de risco e que demandam um monitoramento permanente e rigoroso, ao todo são 22 barragens da MRN localizadas na Flona.
Barragens de rejeito da Mineração Rio do Norte na Flona (Foto: Carlos Penteado/CPI-SP)
Já a Alcoa teve contribuição no Plano de Conservação da Biodiversidade e o Zoneamento Econômico-Ecológico de Juruti, como também contribuiu com o rompimento de rejeitos que destruíram o Igarapé da comunidade de Jauari, que abastecia a comunidade de água e peixes.
Em matéria ao portal de notícias G1, falando sobre o exemplo de mineração sustentável das mineradoras MRN e Alcoa, o gerente-geral da Alcoa Juruti, Genesis Costa, fala sobre o legado da empresa: "Nosso objetivo é deixar um legado de sustentabilidade em Juruti e toda a região. Nosso propósito é operar com excelência, cuidar das pessoas, agir com integridade e liderar com coragem, impactando positivamente a vida de toda a população”.
Mas os impactos causados à população de Juruti Velho na comunidade de Jauari não têm sido tão positivos assim como pôde-se perceber no documentário “O preço da Bauxita” produzido pelo Tapajós de Fato e seus parceiros. Acesse clicando aqui.
A equipe do Tapajós de Fato foi o primeiro veículo de comunicação a denunciar o crime do deslizamento de rejeitos da Alcoa em Jauari, e possui uma série de matérias relacionadas ao tema. Acesse o conteúdo clicando aqui.
Ao Tapajós de Fato os moradores da região, confidencialmente denunciaram os descasos como ocorre na fala de um morador: “Nos cartazes espalhados por aí da Alcoa, diz que eles trabalham com segurança, saúde e meio ambiente, mas observando essas imagens vemos que não tem meio ambiente, e nem saúde porque com toda essa situação em que ficou o igarapé, se alguém beber dessa água suja com certeza estará sujeito a todo tipo de doenças e isso não é saúde pra ninguém”.
(Rompimento de barragem da Alcoa em Jauari)
O processo de retirada da bauxita necessita inevitavelmente devastar grandes hectares de vegetação e o custo socioambiental da mineração é alto demais para a sociedade local como é evidenciado no caso de Jauari.
Atividade mineradora e sustentabilidade ambiental são processos opostos, e mesmo que conte com o aparato técnico e tecnológico, a extração mineral ainda provoca grandes impactos socioambientais.
Nessas regiões, a exploração mineral derruba árvores, contamina ecossistemas, como igarapés e lagos, resultando, em problemas sociais e econômicos, além da grande perda de biodiversidade pela retirada dos animais de seu habitat.
Como pontua o pesquisador Stephen Bunker em seu estudo sobre os impactos da mineração, “na região amazônica, a exploração mineral vem deixando um legado de pobreza, impactos socioambientais e subdesenvolvimento”.