Mestre de carimbó, Silvan Galvão, faz mini-turnê no Rio, São Paulo, Argentina e Chile

O artista de Santarém do Pará, morador de Alter do Chão, é reconhecido por difundir os ritmos amazônicos em grandes centros culturais.

09/04/2022 às 14h59 Atualizada em 09/04/2022 às 15h22
Por: Tapajós de Fato Fonte: ASCOM-Silvan Galvão
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Mestre Silvan Galvão. Foto: helena Mocagatta.
Mestre Silvan Galvão. Foto: helena Mocagatta.

“É possível sair do interior do Pará e ser aplaudido. As pessoas estão abertas a isso”, relata, por experiência própria, o mestre popular Silvan Galvão, que se prepara para uma mini-turnê em países da América do Sul neste mês. O artista já conhecido por difundir a cultura amazônica por vários cantos do país, irá se apresentar em espaços culturais e universidades da Argentina e do Chile. Ele também terá shows em São Paulo e no Rio de Janeiro, cidades amadas por Silvan, pois lhe acolheram há 11 anos quando decidiu sair de Santarém, Oeste do Pará e desbravar uma carreira nacional. 

 

Um passeio pelas histórias das florestas, lendas e causos. Nesse “barco” toca carimbó, lundu, toada de boi e de pássaro entre outras sonoridades amazônicas. É assim o roteiro dos shows e oficinas de Silvan Galvão, 41 anos, e 22 anos de carreira musical. “Eu não ensino só a tocar e dançar, eu conto um pouco da história, instigo as pessoas a irem à Amazônia e conhecer tudo aquilo, apresento vários ritmos outros mestres e outros grupos…”, explica o artista. 

 

É claro que o show com músicas autorais como “Chá de carimbó” que tem mais de 100 mil audições no Spotify e “Puxirum” também é uma opção com toda a dança, cor e magia vinda das margens do rio Tapajós. 

 

A mini-turnê é realizada por meio de dois projetos. Em 2018, o artista foi selecionado pela Fundação Nacional das Artes (Funarte) para o prêmio “Culturas populares", foram 40 mestres premiados por atuação e relevância em cada uma das 5 regiões do país. Silvan foi selecionado pelo Sudeste, atuando com o carimbó, disseminando a música do Norte naquela região. O feito abriu portas para outro prêmio, o Ibermúsicas, um programa de cooperação internacional dedicado às artes musicais que tem entre os objetivos a divulgação e o estímulo à formação de novos públicos na América Latina. Pelo programa em 2019 Silvan foi selecionado para ministrar oficinas e espetáculos de carimbó em universidades da Argentina e do Chile.

 

Por conta da pandemia da covid-19, as apresentações foram adiadas e agora, com a diminuição das restrições sanitárias, foi possível retomar os projetos. Serão promovidas outras apresentações em espaços culturais da Argentina e Chile. Aqui no Brasil, Silvan realiza semanalmente a oficina do Carimbloco na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e também estão agendadas oficinas no Museu do Pontal, no dia 09/04 e shows no Museu do Amanhã, nos dias 28 e 29/04, na programação do Seminário “Futuros: amazônia do amanhã”.

 

Silvan conta que antes da sua chegada ao Sudeste em 2011, o carimbó não era tão ouvido por lá, não havia um circuito de música nortista em São Paulo ou no Rio de Janeiro. “O público nasceu, ele não existia e nem as pessoas que vinham do Pará conseguiam encontrar carimbó aqui. Então, eu posso até ousar dizer que esse movimento começou com a popularização do Carimbloco, sobretudo, no Rio de Janeiro. Hoje, a partir das minhas oficinas, alguns alunos meus já formaram vários outros grupos de carimbó, tanto em São Paulo quanto no Rio”. 

 

Ao gravar seu primeiro CD, o "Tambores que Cantam", em 2010 ainda como percussionista, participou de um grande festival, o Sesi in Jazz Festival, onde tocou no encerramento, dividindo a noite com Renato Borghetti, referência mundial no segmento instrumental. “Eu fiquei encantado com aquilo e eu vi que a nossa música era mais rica do que eu imaginava" , e aí eu pensei na minha mudança para o Rio de Janeiro com meu CD embaixo do braço e fiz. "Nos meus shows, em alguns lugares, eu tocava um ou dois carimbós e via que a galera gostava e isso foi crescendo, meu show foi transformando, migrando de instrumental pra ‘cantado’”. 

O artista é um nome importante na difuysão do Carimbó pelos centros culturais do Brasil. Foto: Keiliane Bandeira.

 

Se pudesse resumir essa trajetória em uma palavra seria “teimosia”. “Não foi um trabalho fácil, eu fiquei três anos, eu fiz de teimoso mesmo, foi necessária essa teimosia e muito foco, eu tive muito foco”. Apesar do reconhecimento, Silvan carrega a humildade de um mestre de carimbó junto aos seus instrumentos, voz e talento, “eu não tenho uma meta, vou construindo as coisas com a naturalidade necessária para valorizar a nossa cultura”, comenta. 

 

Fora a modéstia, o artista já cantou ao lado de grandes artistas como Xangai, Chico César, Hamilton de Holanda, Armandinho, Luiz Caldas, e Pedro Luís (Monobloco) e fez importantes parcerias com Joãozinho Gomes, Júnior Soares e Ronaldo Silva (Arraial do Pavulagem) e Nilson Chaves. Outro grande parceiro que ajudou abrindo portas para Silvan no Sudeste foi Guto Goffi, baterista do Barão Vermelho e fundador da escola de percussão Maracatu Brasil. 

 

Silvan Galvão, com seu espírito de empreendedor musical, é sem dúvidas um nome importante na produção e difusão do carimbó e ritmos amazônicos no Brasil e apesar de já ter se apresentado fora do país como Uruguai, Peru e Bolívia vê essa mini-turnê como um passo importante na sua carreira, “de alguma forma o mundo está com olho na Amazônia e as pessoas querem conhecer o que tem na cultura, na música, o que a gente fala…”.

 

Agenda de Oficinas e Shows

09/05 - Oficina de Carimbó - Museu do Pontal - Rio de Janeiro

09/05 - Show - Kingston Clube - São Paulo

15/04 - Show - Teatro Municipal de Santa Fé - Argentina

16/04 -  Oficina e Show - Makandal Cultural - La Plata - Argentina

17/04 - Oficina e Show - Centro de Referência Latino-americano - Buenos Aires- Argentina

19/04 -  Oficina - Universidade Nacional de Cordova - Argentina

23/03 -  Oficina e Show - Casa Cultural - Santiago - Chile 

28/04 e 29/04 -  Show - Museu do Amanhã - Rio de Janeiro

30/04 - Silvan Galvão e Carimbloco - Espaço Catete - Rio de janeiro

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