A tecnologia para a saúde vem agregando qualidade e velocidade a assistência médica remota em comunidades de difícil acesso na Amazônia. Em Santarém (PA), a comunidade de Paissandu, no Lago Grande do Curuai, é a primeira na política de Atenção Primária à Saúde (APS) digital no Brasil.
Desde a implantação do projeto, em outubro de 2021, até hoje, já foram realizados mais de 500 atendimentos para os moradores da região.
O projeto é desenvolvido pela Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), em parceria com o Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O Projeto de APS Digital é uma cooperação do Governo do Reino Unido com o Hospital das Clínicas da USP, que tem como pilares estratégicos, a criação de soluções inovadoras, incluindo atenção primária e preparação da força trabalho de saúde digital, através de um termo de cooperação técnico científico entre o poder público e as instituições hospitalares. Os comunitários têm acesso a consultas com médicos à distância, por meio da telemedicina.
Com a criação e implementação da telemedicina no país, parte das populações tradicionais da Amazônia, como é o caso de algumas das populações ribeirinhas, tiveram um acesso à saúde que não possuíam antes.
Porém, se tratando de uma região geográfica de dimensões continentais, e sua população se estabelecer ao longo de centenas de rios, na maioria das vezes sem acesso por estradas, grande parte das pessoas permanecem completamente isoladas. Neste cenário, a telemedicina contribui para associar tecnologia de informação e promoção de saúde, diminuindo a distância dessas populações com os grandes centros.
O Tapajós de Fato conversou com a Enfermeira Graça Almeida, da unidade básica da Comunidade de Paissandu
“Desde outubro de 2021, quando foi implantado o projeto com as parcerias, foi então iniciando os atendimentos dos pacientes, pelo APS Digital. Trata-se de um projeto piloto no Brasil, financiado pelo Reino Unido, que tem como objetivo, atender a população cadastrada na unidade básica de saúde".
O atendimento para as populações tradicionais e comunidades da Amazônia se faz necessário, e isso se deu principalmente na pandemia, assim os moradores, através da tecnologia presente no mundo. A enfermeira relatou que além do Paissandu, outras comunidades também têm acesso ao atendimento.
“Além da comunidade onde está a UBS, fazem parte mais cinco comunidades, com atendimento para mais de 1700 habitantes, no período de outubro de 2021 a maio deste ano, já foram feitos mais de 500 atendimentos".
Ela complementa, afirmando que “com a nossa experiência, o atendimento através da telemedicina não está limitado somente no consultório médico, mas também é possível realizar visitas domiciliares, com a médica que realiza os atendimentos nas residências, onde tem um sinal de internet de qualidade".
A médica também participa de atividades educativas em grupo dentro e fora da unidade, onde é possível realizar treinamento em equipe, desta forma o acesso ao serviço de saúde se dá através de um computador, notebook, tablet ou até mesmo no celular.
Ao Tapajós de Fato a enfermeira relatou ainda como é feito o atendimento.
“O usuário preenche uma ficha de avaliação, que tem como objetivo saber o grau de satisfação do paciente com o atendimento, a atenção da médica e a qualidade do serviço, e no momento do atendimento, a nossa equipe fica do lado do paciente para tirar as dúvidas".
Com a falta de médicos em muitas unidades básica de saúde no município, o serviço de telemedicina se torna um aliado para quem mais precisa de atendimento na Amazônia.