Com a chegada de Jair Bolsonaro à presidência, a situação do Brasil tem piorado cada dia mais, o país tem se tornado uma “terra sem lei”. Violações de direitos sociais e assassinatos a quem enfrenta a onda de ganância e o negacionismo do governo, tem crescido diariamente, ganhando destaque internacional, como o caso de Bruno Pereira e Dom Phillips.
Desde sua campanha eleitoral, Bolsonaro faz discursos incitando a violência, quando eleito, continuou fazendo as mesmas falas, aumentando a polarização política. Mesmo tendo queda de popularidade, como mostram as pesquisas, um número considerável de pessoas ainda seguem fielmente o presidente, sendo esses os que põem em prática as falas de Bolsonaro.
Um caso recente de violência ocorreu em Santarém, com Wilmar de Oliveira Cabral, na manhã do dia 24 de junho (dia de São João). Wilmar foi agredido por um outro homem enquanto estava em sua loja de revenda de carros. A vítima relata que tudo iniciou com uma discussão quando o assunto que estava sendo debatido era política, e Wilmar falou que não apoia o atual governo, e muito menos pretende votar em Jair Bolsonaro.
Momento em que a vítima chegou ao hospital para receber atendimentos médicos. Foto enviada pela família.
Egídio Willers é o acusado de desferir as agressões, segundo Wilmar, ele é simpatizante do atual presidente e não aceita qualquer tipo de comentários contrários a Jair Bolsonaro. “Um bolsonarista fanático me agrediu gravemente. Estava hospitalizado e por pouco não tive traumatismo craniano. Minha cabeça foi toda perfurada por golpes de pau. Ele ainda quebrou meu rosto”.
A vítima disse que, na tentativa de se defender das agressões, usou uma cadeira como escudo, mas Egídio puxou a cadeira e continuou desferindo golpes com um pedaço de madeira, e falando as seguintes palavras: "você é vagabundo, pilantra, faz parte da mesma quadrilha".
Segundo informações, haviam outras pessoas no local no momento das agressões, mas apenas o filho do dono da concessionária interviu para evitar a morte de Wilmar.
O acusado foi detido e encaminhado para a 16ª Seccional Urbana da Polícia Civil, por policiais que chegaram ao local, onde foi registrado um Boletim de Ocorrência. O caso está sendo acompanhado por duas advogadas. Uma das advogadas é Aline Hoyos, ela conta que “o delegado entendeu capitular o crime apenas lesão corporal, e decidiu por não lavrar o flagrante naquele momento”, mesmo Egídio tendo sido conduzido até a delegacia por policiais que chegaram no local das agressões.
O Tapajós de Fato ouviu também a filha de Wilmar, Gilmara Cabral, que também é advogada e está acompanhando junto com Aline Hoyos o caso, ela conta que mesmo depois de todas as agressões físicas sofridas pelo pai, e o abalo que causou em toda a família devido tamanha violência, os familiares começaram a receber prints de conversas de whatsapp com ameaças. “Saiu num blog o fato que aconteceu e os motivos, e alguns simpatizantes do Bolsonaro começaram a dizer que o papai instigou, que é petista e tem que apanhar mesmo, que apanhou pouco, que o outro estava certo quando agrediu”.
Ferimentos nas pernas de Wilmar causados pelos golpes de madeira que sofreu. Foto enviada pela família.
Isso tem causado ainda mais medo e insegurança em toda família, ela finaliza dizendo que, “algumas pessoas defendem tão fielmente o governo que causa medo. Meu pai tá abaladíssimo emocionalmente, porque ele não causou o ocorrido. Ele apenas estava expondo que não apoia o atual governo e foi chamado de ladrão”.
Ao Tapajós de Fato as advogadas informaram que Após a juntada do laudo, e oitiva da testemunha que presenciou a agressão irão acompanhar o caso para que seja feita a justiça para que o agressor seja punido conforme a lei.
Nos últimos anos se percebe um enfraquecimento das construções sociais, no Brasil. O ano de 2022 é eleitoral, e a polarização política tem sido cada vez mais estreitada, causado violências como a situação de Wilmar. Quando o presidente Bolsonaro falou publicamente que iria “metralhar a petralhada” isso abriu precedentes para que quem tem opiniões ideológicas divergentes seja coagido ao se expressar, quebrando então o princípio da liberdade de expressão, essencial para se viver em uma democracia.