A política, de modo geral, acaba se tornando um elemento pouco atrativo para o segmento juvenil. A criminalização de políticos através dos grandes esquemas de corrupção que ainda hoje preenchem o horário nobre da TV, gerou certo distanciamento entre os jovens que passaram a enxergar a política com desilusão.
Mas neste ano de eleições, tem se observado, de forma mais intensa um fenômeno que ganhou força nos últimos anos: o apelo para a participação dos jovens nas tomadas de decisões políticas. As campanhas em torno da regularização e emissão do título de eleitor, por exemplo, foram algumas medidas pensadas com a finalidade de fazer os jovens irem às urnas.
No entanto, quando se fala da juventude brasileira é preciso entender que há uma grande diversidade de sujeitos, que juntos formam um grupo diverso e cheio de interesses e expectativas.
Gustavo Dutra, estudante de 16 anos, morador de área periférica de Santarém, que vai votar pela primeira vez, conta suas expectativas para esse ano de eleição. “Eu espero que com meu voto e de todos os jovens, possamos mudar nossa realidade na qual vivemos hoje, e assim ter mais oportunidades de estudos, trabalhos, etc”.
Para Stephanie Souza, também de 16 anos, mora na periferia de Santarém, e votante pela primeira vez, a expectativa é de maior participação feminina nas eleições.
“Por mais que tenha crescido bastante nos últimos anos o interesse feminino na política, ainda falta muita coisa a ser conquistada. Além disso, nós ainda somos minoria nas bancadas, deveríamos ter mais espaço! E assim, com mais representantes femininas no senado, no congresso, seria muito mais fácil lutar por políticas públicas que defendem as mulheres”.
Na periferia de Santarém, representantes de movimentos sociais e partidos políticos fortalecem o valor dos jovens para a construção de uma sociedade mais plural e igualitária. Com ações sociais e discussões, o objetivo é fazer com que esses jovens se reconheçam e entendam suas demandas prioritárias para eleger candidatos que as atendam e os representem.
Danilo Sena, coordenador do Movimento Juventude Presente entende a importância da atuação do movimento na periferia como necessário. Ações que envolvem saúde, cultura, lazer, formação política e projetos de assistência social estão na pauta do movimento.
Para ele, se aproximar da periferia e fazer a juventude entender suas demandas, é necessário para mudar o país.
"A importância da juventude da periferia, na política, e nas eleições é a ocupação dos espaços e a valorização de direitos. Porque é na periferia que tem mais ausência de políticas públicas para juventude do que em outros lugares, é na periferia que o povo mais sofre porque se tem o maior número de pessoas passando fome, é nesse lugar que a juventude preta mais morre, seja por falta de segurança pública competente, seja com uma saúde de péssima qualidade"
No contexto das comunidades indígenas, a questão do voto é prioritária. Embora pouco atendidos com políticas públicas, os indígenas enxergam na política uma chance de melhorar suas condições de vida e de proteger a Amazônia.
Alexandre Arapiun, indígena do Baixo Tapajós e militante do coletivo Juntos, entende que a política é mais do que votar em candidatos com planos de governo voltados para os povos indígenas. Para ele, a participação e a construção de um projeto político que represente os povos indígenas também fazem parte do processo, tendo no movimento indígena os jovens como grandes protagonistas.
"A gente entende que a gente precisa estar organizado e batalhar muito para que, minimamente, a gente consiga nossas vitórias, apesar de não ser o único caminho que a gente acredita que vá mudar a nossa realidade. Mas ele faz parte de um processo, e não só a nível de presidência mas também em outras esferas como no Congresso nacional, com os deputados, senadores, enfim"
Para esses jovens a tarefa prioritária é colaborar para a manutenção da democracia e assim contribuir para um novo futuro a partir do respeito aos povos originários, a diversidade, a natureza e a humanidade.