De 7 a 10 de setembro, mulheres indígenas realizarão a 1ª Feira de Empreendedorismo, onde poderão expor seus trabalhos, criando e fomentando uma rede de apoio para seus próprios negócios.
A feira, que já conta com 5 grupos que farão exposições, será realizada na Av. São Sebastião, nº 4045, no bairro do Mapiri, em Santarém, Pará. A feira foi originada por um grupo de mulheres com trabalhos distintos com a finalidade de dar visibilidade à cultura indígena e à autonomia feminina.
Michele Arapiun, em entrevista ao Tapajós de Fato, fala de que maneira se deu o processo de criação.
“Eu, Dárcia Arapiun e Dionéia Arapiun, fazemos parte do grupo ‘DM artes, mãos que criam’, onde uma costura, outra faz as pinturas manuais e a outra tece. Então a partir desse trabalho a gente tenta fortalecer a nossa cultura e a nossa identidade enquanto indígenas. E foi aí que Anaura Arapiun procurou a gente. Ela tem um bazar e a gente sempre trabalhou em conjunto e foi ela que teve a ideia de criar a feira. E então a gente foi juntando as ideias e vendo a melhor forma para juntar algumas mulheres indígenas e realizar isso”.
Sobre a relevância da feira para a autonomia de mulheres indígenas, Michele diz que a ideia é juntar essas mulheres que não possuem uma renda fixa como uma maneira de dar visibilidade aos seus trabalhos.
Anaura Arapiun, idealizadora do evento, trabalha há 5 anos com um bazar de novos e usados que apresentará na feira, em uma tentativa de fugir da dependência financeira de seu parceiro e, assim, conseguir mais autonomia e autoconfiança.
“A ideia surgiu por causa disso, mediante estar olhando tantas mulheres na sociedade, não só mulheres indígenas, mas como sua maioria, vivendo em alguns relacionamentos tóxicos e abusivos porque não têm sua independência financeira, então foi aí que surgiu essa feira para juntar algumas dessas mulheres. Porque, é lógico, a gente não pode ainda fazer uma coisa ainda muito grande nesse primeiro momento”
Para Dárcia Arapiun, a expectativa é de continuar com a feira e expandir seus domínios para outros bairros da cidade.
“A gente pensa em continuar não só aqui, mas expandir para outros bairros e, a partir daí, resgatar mais mulheres”.
O Tapajós de Fato entrevistou ainda as representantes dos demais grupos que irão compor a feira para que cada uma delas pudesse apresentar um pouco do trabalho que será exposto.
Maísa Arapiun, de 18 anos, trabalha com venda de cosméticos através de sua loja online chamada “Maitê Cosméticos”. Ela explica que depois que engravidou precisou encontrar um meio para custear seu sustento e de sua filha e fala sobre suas expectativas para a feira.
“Depois que eu engravidei tive a necessidade de ter um sustento pra mim e pra minha filha. Foi aí que comecei a venda com cosméticos, são cosméticos de várias marcas. E espero que esse evento consiga trazer visibilidade para o meu empreendimento o qual dei o nome de ‘Maitê Cosméticos’. No momento atuo somente com vendas online, pois não tenho um espaço físico”.
Andrea Cardoso, da Loja Eco Artes, vai expor cestaria como sousplat, fruteiras, panela de barro, mandalas e biojoias em sementes e miçangas do povo Waiwai e Kaiapó.
“Todos os produtos que são feitos na Loja Eco Artes, são feitos por comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas, e o seu objetivo é incentivar mulheres e valorizar a nossa arte e a nossa cultura de uma forma sustentável através do empreendedorismo social e ambiental”.
Além de exposições de artesanatos, a feira também contará com vendas de comidas típicas e com uma oficina de auto maquiagem que será realizada por Maíra Arapiun, no dia 7 de agosto, com um valor simbólico de 25 reais por pessoa.
Embora contando com poucos recursos, essas mulheres veem a feira como uma oportunidade de garantir visibilidade e reconhecimento para seus trabalhos, com uma pluralidade de produtos e serviços, e abertas para que muitas outras se juntem na luta.