Terça, 08 de Outubro de 2024
Política Eleições

Voto útil: o que ele representa?

Entenda o que é e como funciona o voto útil, e o que eleitores pensam a seu respeito.

21/09/2022 às 14h48 Atualizada em 30/09/2022 às 12h04
Por: Tapajós de Fato Fonte: Tapajós de Fato
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Foto: Tapajós de Fato
Foto: Tapajós de Fato

Muito se ouve falar em voto útil, e muitos eleitores estão optando por essa estratégia nas eleições de 2022. Mas afinal, o que isso significa?

 

Em um pleito onde a disputa por um cargo está polarizada, ou seja, em que as preferências políticas estejam concentradas em apenas dois candidatos ou dois partidos políticos, o voto útil tem a possibilidade de se manifestar.

 

Em 2022, por exemplo, os candidatos melhores posicionados nas pesquisas de intenções de votos para o cargo a presidente, fazem campanhas com o objetivo de atrair votos dos candidatos com baixa expressão, a fim de decidir a disputa logo no primeiro turno. Este é o caso do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).

 

Luiz Inácio aparece na frente nas pesquisas, e chegou a representar 47% das intenções de voto contra o seu principal adversário e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), que varia de 31% a 32% nas pesquisas.

 

Em um cenário de forte rejeição ao presidente Bolsonaro, que corresponde aproximadamente a 53% do eleitorado que se sente insatisfeito com o seu governo, Lula lidera a corrida presidencial com chances de decisão no primeiro turno.

 

Nesse sentido, o eleitorado de Simone Tebet e Ciro Gomes, que representam menos de 10% de intenções de votos e que não votam em Jair Bolsonaro, serão estratégicos nesse cenário. Ou seja, o voto útil é a estratégia de abrir mão de votar em um candidato preferencial, para votar no candidato que possui mais chances de vencer o pleito, para evitar que o candidato que o eleitor rejeita se eleja.

 

Foto reprodução 

 

O Tapajós de Fato entrevistou Guilherme Oliveira, microempreendedor em Santarém. Ele é um dos milhões de brasileiros que, nessas eleições, vai fazer uso do voto útil. 

 

“Mais do que ‘voto útil’, diria que estamos em um momento histórico onde só há um voto possível que, minimamente, defenderá a nossa já tão combalida e frágil democracia. Por isso, a opção por Lula já no primeiro turno”. 

 

Ele explica que acompanha seu candidato preferencial, Ciro Gomes, desde 2018, mas nessas eleições votará estrategicamente no candidato petista. 

 

“Desde 2018, acompanhei de perto e fiz campanha para Ciro Gomes, neste ano sigo achando que seu projeto é bem estruturado, porém, sua estratégia de campanha foi extremamente equivocada. Por isso, meu apoio crítico a candidatura petista, compreendendo que há uma diferença abissal entre Lula e Bolsonaro”.

 

Guilherme explica que o “voto crítico” apontado acima, revela as consequências que esse modelo estratégico pode acarretar para o candidato que vencer.

 

“Penso que o risco maior é a ausência de uma base coesa e combativa ao redor do nome do vencedor. Considero que o bolsonarismo continuará sendo uma força política importante, ainda que perca o pleito. Nos primeiros dias de um eventual governo, Lula deve dizer a que veio e propor mudanças estruturais para o Brasil. Daí também decorre a minha decisão de ou aniquilar a eleição no primeiro turno ou ao menos conseguir uma votação expressiva. Um candidato que vença com ampla maioria já consegue negociar por cima da mesa com os grupos da elite”.

 

O entrevistado também fez considerações sobre o sistema eleitoral vigente e sobre o poder da grande mídia de influenciar em decisões coletivas com base em seus próprios interesses.

 

“O sistema eleitoral brasileiro tem diversas distorções, uma campanha política oficial de 45 dias, por exemplo, não politiza ninguém. Além do uso da máquina administrativa, o constante abuso de poder financeiro praticado pelo atual presidente escancaram alguns desses elementos nocivos. Em relação a mídia hegemônica, tendo a achar que o seu sonho seria eleger alguém da dita 3ª via, como nenhum dos candidatos emplacou, penso que tentarão esticar a eleição para o segundo turno visando obter do vencedor um compromisso com a elite (sobretudo os banqueiros) que são os verdadeiros financiadores dos veículos da mídia tradicional”.  

 

O último ponto abordado pelo entrevistado é uma consideração às pesquisas de intenções de voto e a violência que a chamada “guerra política” promove entre brasileiros e brasileiras todos os dias. 

 

“As pesquisas de institutos reconhecidamente sérios, são um importante instrumento. Embora seja sempre importante lembrar que a pesquisa demonstra um retrato da realidade que pode ser alterado por uma tendência de momento. De modo geral, as pesquisas para presidente têm tido um nível de acerto relativamente alto nos últimos pleitos. Pautado pela média que elas apresentam, é que optei pelo apoio à candidatura petista nesta reta final, desde o primeiro turno. Precisamos encerrar o mais brevemente possível essa disputa odiosa que ameaça e já vitimou irmãos nossos”.

 

Como o próprio nome sugere, o voto útil é a estratégia mais racional para a quebra do pacto antipopular que exclui as massas mais pobres do país, evitando assim um mal ainda maior, tal como experimentado nos últimos 4 anos.

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