Como o Pará está representado nessas eleições de 2022?

No último domingo, dia 2 de outubro, a população brasileira foi às urnas escolher seus representantes pelos próximos anos. E o Tapajós de Fato listou todos os candidatos eleitos pelo Estado do Pará.

Em um Estado fortemente marcado pela liberdade de exploração de seus recursos naturais, legitimados com o aval do Governo Federal, nos últimos 4 anos, o Pará se tornou um verdadeiro alvo de polarização entre candidatos preocupados com a conservação da biodiversidade e candidatos alinhados ao discurso retrógrado da exploração desenfreada, emitindo um alerta para o risco de intensidade da devastação.

Deputados Estaduais

Os candidatos eleitos pelo partido do Movimento Democratico Brasileiro (MDB), também conhecido no Estado como “Clã Barbalho”, são os de maior representação. Foram 13 candidatos eleitos para as cadeiras da Assembléia Legislativa do Pará. 

Na lista abaixo, você pode acompanhar todos os Deputados eleitos, do mais votado ao de menor expressão.

Chamonzinho (MDB) - 109.287 votos - 2,40% 

Iran Lima (MDB) - 92.710 votos - 2,04%

Cilene Couto (PSDB) - 91.611 votos - 2,01%

Chicão (MDB) - 91.542 votos - 2,01%

Rogerio Barra (PL) - 81.868 votos - 1,80% 

Erick Monteiro (PSDB) - 78.053 votos - 1,71%

Adriano Coelho (PDT) - 74.795 votos - 1,64% 

Gustavo Sefer (PSD) - 73.188 votos - 1,61%

Igor Normando (PODE) - 71.906 votos - 1,58% 

Dirceu Ten Caten (PT) - 66.397 votos - 1,46% 

Braz (PDT) - 65.495 votos - 1,44%

Luth Rebelo (PP) - 62.536 votos - 1,37% 

Zeca Pirao (MDB) - 61.766 votos - 1,36% 

Ronie Silva (MDB) - 61.297 votos - 1,35% 

Paula Titan (MDB) - 61.219 votos - 1,34%

Fábio Freitas (REPUBLICANOS) - 58.689 votos - 1,29% 

Angelo Ferrari (MDB) - 58.104 votos - 1,28% 

Carlos Vinicios (MDB) - 57.998 votos - 1,27% 

Martinho Carmona (MDB) - 56.571 votos - 1,24%

Antonio Tonheiro (PP) - 56.202 votos - 1,23% 

Ana Cunha (PSDB) - 55.725 votos - 1,22% 

Diana Belo (MDB) - 52.685 votos - 1,16% 

Dr. Wanderlan (MDB) - 52.361 votos - 1,15%

Eraldo Pimenta (MDB) - 51.986 votos - 1,14% 

Thiago Araujo (CIDADANIA) - 49.411 votos - 1,08% 

Bob Fllay (PTB) - 48.452 votos - 1,06% 

Victor Dias (UNIÃO) - 48.235 votos - 1,06% 

Andreia Xarão (MDB) - 48.006 votos - 1,05%

Delegado Nilton Neves (PSD) - 47.307 votos - 1,04% 

Lu Ogawa (PP) - 46.262 votos - 1,02% 

Elias Santiago (PT) - 44.734 votos - 0,98% 

Maria do Carmo (PT) - 43.255 votos - 0,95% 

Wescley Tomaz (PSC) - 40.302 votos - 0,88% 

Josué Paiva (REPUBLICANOS) - 36.874 votos - 0,81%

Fábio Figueiras (PSB) - 35.626 votos - 0,78% 

Bordalo (PT) - 34.238 votos - 0,75% 

Delegado Toni Cunha (PSC) - 33.388 votos - 0,73% 

Lívia Duarte (PSOL) - 28.817 votos - 0,63% 

Renato Oliveira (PODE) - 23.230 votos - 0,51% 

Aveilton Souza (PL) - 23.230 votos - 0,51% 

Coronel Neil (PL) - 22.366 votos - 0,49%

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Pará possui 6.082.312 eleitores aptos a votar. 50% desse eleitorado é composto por mulheres e 50% por homens. No entanto, nesse painel de 41 deputados novos e reeleitos, a representatividade feminina nos espaços de poder é cada vez mais reduzida. As mulheres representam cerca de 17% (7 eleitas) desse quadro de novos parlamentares, e terão que travar uma forte luta pela garantia dos direitos das mulheres.

Então, o que leva um estado com grande eleitorado feminino, eleger mais da metade de candidatos homens que não as representam?

Deputados Federais

Dos 513 parlamentares que foram eleitos para o mandato na Câmara Federal, 17 são do Pará. O número de deputados eleitos por Estado é proporcional ao seu tamanho, não podendo ser menor que 8 e maior que 70.

Nessas eleições, as campanhas com o objetivo de conscientizar a população a votar em candidatos comprometidos com as pautas ambientais foram marcantes, revelando a preocupação dos eleitores paraenses com a preservação ambiental.

Encomendada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), uma pesquisa aponta que para 88,8% dos eleitores paraenses, a conservação da floresta precisa fazer parte dos planos de governo dos presidenciáveis, o que não se reflete para a escolha de Deputados Federais como podemos observar na lista abaixo.    

Lista de Deputados e Deputadas Federais eleitos de maior a menor expressão: 

Dra Alessandra Haber (MDB) - 258.907 votos - 5,71% Delegado Eder Mauro (PL) - 205.543 votos - 4,53% 

Elcione (MDB) - 175.498 votos - 3,87% 

Priante (MDB) - 167.275 votos - 3,69% 

Renilce Nicodemos (MDB) - 162.208 votos - 3,58% 

Júnior Ferrari (PSD) - 160.342 votos - 3,54% 

Dilvanda Faro (PT) - 150.065 votos - 3,31% 

Celso Sabino (UNIÃO) - 142.326 votos - 3,14% 

Antonio Doido (MDB) - 126.535 votos - 2,79% 

Keniston (MDB) - 126.027 votos - 2,78% 

Andreia Siqueira (MDB) - 125.004 votos - 2,76%

Joaquim Passarinho (PL) - 122.553 votos - 2,70% 

Delegado Caveira (PL) - 106.349 votos - 2,35% 

Olival Marques (MDB) - 102.435 votos - 2,26% 

Airton Faleiro (PT) - 79.862 votos - 1,76% 

Henderson Pinto (MDB) - 74.746 votos - 1,65% 

Raimundo Santos (PSD) - 62.366 votos - 1,38%

Os deputados reeleitos Celso Sabino, Éder Mauro, Joaquim Passarinho e Olival Marques, por exemplo, votaram a favor do PL do veneno, que legaliza a produção de agrotóxicos genéricos no país e facilita os critérios de autorização dessas substâncias. Ou seja, deputados sem nenhum compromisso com a preservação ambiental.

Governador

Eleito com 70,41% dos votos, Helder Barbalho (MDB) é reeleito, perpetuando o poder de sua família por mais 4 anos no Estado do Pará. 

Divulgação MDB

Conhecido por grandes obras, grandes escândalos e corrupção, e pela sua posição em relação ao Governo Federal durante a pandemia, Helder se manteve como um dos únicos candidatos do país com reais chances de se reeleger. 

No entanto, em 4 anos de governo, Helder foi incapaz de conter a devastação ambiental nos domínios da Amazônia Legal. Desmatamentos, queimadas e mineração ilegal nunca estiveram tão presentes como em seu governo, que prioriza o grandes projetos dentro de uma lógica de destruição ambiental que favorece poucos.

De acordo com o dito popular “bate com uma mão e alisa com a outra”, Helder Barbalho permanece servindo a uma ordem elitista, oferecendo em troca políticas públicas para o povo paraense com resultados muito pequenos. 

Senador

Beto Faro (PT) venceu o pleito eleitoral para o cargo de Senador com 42,55% dos votos, encerrando o ciclo de 8 anos de Paulo Rocha (PT), que atualmente ocupa uma das cadeiras do Estado, juntamente com Jader Barbalho (MDB) e Zequinha Marinho (PL).

Divulgação PT

Candidato de Helder Barbalho, através da aliança entre PT e MDB, Beto Faro promete lutar pelos direitos dos trabalhadores paraenses. Mas, diferente do que prega o candidato que se quer progressista, Beto Faro é também um caso a se pensar (e temer).

Preso, em 2004 pela Polícia Federal, Beto Faro foi acusado de envolvimento em um esquema de grilagem de terra quando ainda era superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 

As investigações apontaram que Faro autorizou, de forma ilegal, a regularização fundiária de 500 mil hectares em Santarém, Prainha, Trairão, Oriximiná e Placas. As terras eram da União e esta decisão beneficiou madeireiros e produtores de soja.

O futuro do Estado é o reflexo do seu voto

Embora pouco representados pelas candidaturas eleitas, a população mais carente do Estado do Pará terá de redobrar a fiscalização, cobrando medidas combatidas contra a degradação ambiental e condições dignas de vida.

Educação, saúde, meio ambiente, geração de renda e tantas outras necessidades, devem estar na ordem do dia do cidadão paraense que não deve ter seus direitos negados ou alcançados de maneira insuficiente.