Nos dias 07, 08 e 09 de outubro na comunidade de Carariacá, região do Arapixuna, foi realizado o encontro entre mulheres trabalhadoras rurais das várias regiões do município de Santarém, organizado pela Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR).
Foto: Tapajós de Fato
Durante os três dias de encontro foram debatidos vários temas, como saúde da mulher, Marcha das Margaridas, educação no campo, apoio à agricultura familiar, agroecologia e os desafios que atravessam as mulheres em diferentes regiões. Keyse Costa, agrônoma e uma das coordenadoras da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR), em entrevista ao Tapajós de Fato falou sobre a importância desse intercâmbio.
"A importância principal é a troca e a proximidade entre essas mulheres, e assim o mais importante mesmo é fazer com que elas vejam que muitas vezes a dificuldade que uma atravessa é a mesma da outra, e fazer elas tentarem enxergar uma solução comum e um caminho que elas possam buscar, através da associação ou através de outros movimentos, a solução para esses problemas".
Foto: Tapajós de Fato
O intercâmbio aconteceu em consequência do projeto de combate à Fake News, "Di Rocha Tapajós sem Potoca", e contou com a participação de movimentos, coletivos e organizações como o Movimento Tapajós Vivo (MTV), a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), a Federação das Associações de Moradores e Comunidades do Assentamento Agroextrativista da Gleba Lago Grande (Feagle), a Organização da Resex Tapajós Arapiuns (Tapajoara), o Fundo Luzia do Espírito Santo, e os grupos de mulheres das regiões do Tapajós, Cuiabá, Eixo Forte, Ituqui, Arapiuns e Curuá una.
Rivonete Ferreira dos Santos, agricultora, da comunidade de Serra Grande do Ituqui, e uma das fundadoras do grupo Mulheres Empoderadas e Virtuosas, que possui seis meses de atuação em seu território, comentou sobre o trabalho que o coletivo tem feito na base.
"No nosso grupo nós aprendemos a fazer biju, trabalhar com a farinha, com derivados da mandioca, torrar o café, fazer paçoca. Então é essas coisas que nós trabalhamos na agricultura, nós dividimos um pouco para as mulheres, nós trazemos pra feira pra vender. Então a gente está com esse trabalho com as mulheres na base”.
Foto: Tapajós de Fato
Outro trabalho que tem sido feito dentro dos territórios é as "abelinhas", uma iniciativa estratégica que a coordenação do AMTR lançou esse ano para criar uma ponte entre elas e as mulheres de dentro dos territórios. Elas levam esse nome por terem a missão de mobilizar e informar as mulheres nos polos, subpolos e dentro das bases. Keyse Costa comentou sobre essa iniciativa.
"Elas fazem esse trabalho de base mesmo pra no final ter aquela colmeia, aquele produto, eu acho que é mais ou menos essa ideia que a gente teve ao colocar esse nome, 'abelhinhas' nas mulheres, nas coordenadoras dos polos e subpolos".
Foto: Tapajós de Fato
O intercâmbio teve como encaminhamento principal a pauta da saúde, em razão do índice de mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero dentro da comunidade de Carariacá e de outras regiões. Uma carta será encaminhada na sexta-feira, dia 14 de outubro, para o Ministério Público e para o Conselho de Saúde para debater essa problemática que está atingindo as mulheres da região do Arapixuna.
“Esta reportagem foi produzida com apoio do programa Diversidade nas Redações, da Énois, um laboratório de jornalismo que trabalha para fortalecer a diversidade e inclusão no jornalismo brasileiro".