Moda sustentável: acontece em Santarém a 1ª mostra artística “Mulambra - Ninho de Cobras

A coleção Ninho de Cobras, assinada pela artevista Flor de Mulambra e a estilista Yandra Xavier, trás uma reflexão sobre o desmatamento, as queimadas na floresta amazônica e a contaminação de mercúrio nos rios.

19/10/2022 às 09h22 Atualizada em 20/10/2022 às 11h00
Por: Adrielly Pantoja Fonte: Tapajós de Fato
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Foto: Tapajós de Fato
Foto: Tapajós de Fato

Ocorreu no último sábado, dia 15 de outubro, no restaurante universitário da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), uma manifestação artística com a temática "Mulambra - Ninho de Cobras". O desfile foi assinado pela artevista Flor de Mulambra em parceria com a estilista Yandra Xavier.

 

Foto: Hélide Oliveira 

 

O evento artístico carrega esse tema com o objetivo de chamar a atenção para a pauta ambiental, em busca da preservação da fauna e flora. A estilista Flor de Mulambra, em entrevista ao Tapajós de Fato, explicou a escolha do nome "Ninho de Cobras".

 

"O objetivo é dar uma contrapartida sobre essas situações que vêm acontecendo, numa mensagem de revolta, que a gente desse voz e vez para essas vivências, de pessoas daqui da Amazônia que têm uma ligação com as cobras diretamente". 

 

Foto: Hélide Oliveira 

 

A coleção trouxe peças em pano cru, usado como base das peças, e a reconstrução de outras peças brancas como o CDS. A ideia era transformar as peças em telas em branco, com estampas baseadas em cinco espécies de cobras da Amazônia, a sucuri, a periquita, a jiboia, a coral e a surucucu. A coleção traz também uma dualidade, representando o Orixá Exu Maré, que é uma sincretização da cobra grande, como acrescenta Flor de Mulambra. 

 

O desfile contou com a participação de 5 modelos, sendo quatro homens, dois deles trans, e uma mulher, além da participação especial de Norah Costa, artevista, mais conhecida como "Mulher do rio", trazendo intervenções artísticas durante a performance dos modelos. 

 

Foto: Hélide Oliveira 

 

"A performance de hoje simboliza justamente esse start nas pessoas, a arte tem esse poder, a arte tem o poder de tocar as pessoas de uma maneira muito profunda, e porque não tocar as pessoas pras mazelas que a gente tá passando, para as nossas contaminações, os nossos desmates", explica Norah Costa.

 

Norah também comentou sobre a força e influência da expressão cultural e do artevismo.

 

"Então, a arte tem esse poder e o artivismo tem mais ainda, porque você tá usando a sua voz, tá usando o seu corpo e a sua criatividade para falar sobre algo que é tão cotidiano, algo que as pessoas deveriam parar e pensar, poxa, eu moro em Santarém, eu estou sendo contaminada por mercúrio".

 

Foto: Hélide Oliveira 

 

O cenário representava as queimadas e o desmatamento dentro das florestas. Domiciano Gomes, bailarino, maquiador e um dos modelos da coleção, comentou sobre a performance do desfile e escolha deste cenário.

 

"Então o que eu posso te falar resumidamente é que foi um grito que é muito importante pra todo mundo, porque a gente tá falando, querendo ou não, da nossa natureza, da fauna brasileira, da importância desses animais".

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