A cidade de Santarém, no estado do Pará, é reconhecida por seus destinos turísticos que são os preferidos por aqueles que preferem um contato mais próximo com a Amazônia. No entanto, o modelo de turismo que impera na região é o chamado turismo de massa ou tradicional, cujo o foco é o lucro de grandes empreendimentos sem qualquer preocupação ambiental ou social.
Na vila de Alter do Chão, por exemplo, é comum encontrar grandes redes de hotéis e empreendimentos imobiliários que geram grandes impactos como: o desequilíbrio ambiental, a comercialização da cultura e o aumento do custo de vida das populações locais.
Mas ultimamente, outro modelo de turismo está sendo implementado na cidade. Você já ouviu falar no turismo de base comunitária?
O turismo de base comunitária é uma alternativa ao modelo de turismo tradicional. A ideia desse novo modelo é colocar a população local como protagonista de todo o processo, na busca de um turismo mais justo e com compromisso com o meio ambiente e o bem estar social de todos os envolvidos, além de desenvolver uma verdadeira interação entre visitantes e comunitários.
Na comunidade de Urucureá, dentro do Assentamento Agroextrativista PAE Lago Grande, o turismo de base comunitária já está sendo implementado. Sua base, está na conservação ambiental, na valorização da cultura e saberes locais, como também no compartilhamento de saberes e experiências, como explica Susielen Cardoso, que é artesã na comunidade.
Foto: arquivo pessoal
“O turismo de base comunitária aqui em Urucureá se dá pela troca de experiências entre a comunidade e o visitante, pois quando ele vem conhecer o artesanato, as trilhas, as nossas paisagens, ele deixa não apenas recurso daquilo que ele adquire, mas também deixa ideias que melhoram ainda mais o desenvolvimento do trabalho, trazendo benefícios para a cultura local, de onde ele leva esse conhecimento e semeia em outros lugares, despertando a curiosidade de outros”.
Susielen relata que o pontapé inicial para a idealização desse modelo de turismo se deu através da fabricação de artesanatos produzidos pelas mulheres da comunidade. A iniciativa contou com o apoio do Projeto Saúde e Alegria, que é um parceiro fundamental nesse processo.
“Antes da chegada do Projeto Saúde e Alegria (PSA) em 1987, já existiam mulheres que fabricavam o artesanato com a palha de tucumã, mas esse produto era vendido por um valor muito abaixo do mercado. Então, eles convidaram a comunidade para participar de uma feira no Acre, e a artesã Rosângela Castro foi como representante para essa feira que foi um sucesso, o que levou as artesãs a se organizar, formando um grupo que, no início, foi chamado de ‘Clube de mães’, e hoje tem o nome de Grupo TucumArte”.
Foto: arquivo pessoal
O apoio do projeto serviu para expandir esse trabalho para outros lugares, chamando a atenção de pessoas no Brasil e no mundo, que visitam a comunidade para conhecer de perto todo o processo de produção do artesanato que é feito com a palha de tucumã.
“Com o passar do tempo esse grupo foi agregando mais pessoas e hoje conta com 43 sócios, entre eles 3 homens, que fazem desse trabalho sua fonte de renda, [...] o que faz com que esse artesanato, que é produzido manualmente com pigmentações naturais, não percam o valor, o que leva ao aumento da demanda de produção e venda, atraindo cada vez mais visitantes de todos os lugares do Brasil e também de outros países que vêm conhecer a realidade de como é produzido esse artesanato, acompanhando o passo a passo através das oficinas na casa de artesanato, onde as artesãs demonstram todo o processo”.
A comunidade também conta com um refeitório, garantido através de um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece alimentação de qualidade e saudável com o apoio da produção familiar local.