No último final de semana, os 13 povos indígenas do Baixo do Tapajós se reuniram na praia em frente ao Museu João Fona para disputar as finais dos Jogos Indígenas do Baixo Tapajós (JIBAT).
O segundo JIBAT tem como tema esse ano “Educação Intercultural, demarcando territórios através dos esportes”. Auricélia Arapuin, em entrevista ao Tapajós de Fato, falou sobre a importância dos jogos no fortalecimento da cultura e também como uma ferramenta de resistência.
Foto: Tapajós de Fato
"O tema dos jogos relacionando o esporte com a educação é por conta do incentivo a juventude a prática do esporte e usar o esporte como uma ferramenta importante de luta e de resistência indígena. E trazer essa final aqui pra Santarém no sentido de mostrar pra população santarena que negou há muito tempo a existência de nós, dos povos indígenas e trazer pra eles o melhor que nós temos a oferecer, que apesar de se passamos por uma pandemia em um governo altamente negacionista, racista violento e genocida, a gente conseguiu sobreviver a pandemia e a gente conseguiu sobreviver", explica ela.
A abertura começou com o rito sagrado, logo após houve falas de lideranças, coordenadores e apoiadores dos jogos, a primeira noite se encerrou com as apresentações das equipes com seus devidos gritos de guerras.
A manhã de sábado se iniciou com as disputas das semifinais do futebol de areia masculino e feminino. Pela tarde houve finais da natação, canoagem, corrida de 100 metros e as semifinais da envirra de guerra (cabo de guerra).
Foto: Tapajós de Fato
Marcelo Borari, presente na coordenação do JIBAT desde a 1° edição dos jogos em 2016, comentou sobre as modalidades esportivas que estavam sendo cometidas nos jogos.
"Esses esportes justamente são as modalidades que são praticadas, que acontecem dentro das nossas aldeias, então a gente traz essas modalidades como uma forma de valorizar a própria cultura, o modo próprio de ser dos povos dentro dos territórios. Eu creio que os jogos indígenas têm essa pegada, que é um pouco mais voltada pra questão da valorização da cultura, mas também tem esse lado mais político da coisa, a gente vive numa região onde existe uma negação, da luta dos povos indígenas, daqui da nossa região", comenta ele.
Foto: Tapajós de Fato
A noite cultural de sábado contou com apresentações de danças de cada aldeia presente, com a disputa entre as cuhãs, além da escolha do casal JIBAT, e também as performances do grupo Kumaru e Priscila Castro.
A manhã do último dia dos jogos começou com a corrida de resistência e as finais dos futebol masculino e feminino. No momento da tarde as disputas foram nas modalidades de arremesso de lança, peconha, arco e flecha com circuito e tiro livre, além das finais da envirra de guerra e da corrida com toras.
Foto: Tapajós de Fato
A 2° edição dos Jogos Indígenas do Baixo Tapajós encerrou com uma linda noite cultural. Abrindo a noite foi feito o ritual sagrado, em seguida foi as entregas das premiações individuais aos vencedores, e por último foi revelada a equipe campeã, que esse ano foi a equipe amarela, composta pelos povos Tupinambás e Kumaruaras. A programação encerrou com apresentações do grupo Suraras do Tapajós e do DJ Eric Terena.